quarta-feira, 28 de julho de 2010

Pescoço teve papel fundamental na evolução humana

Estadão
Parte da anatomia possibilitou avanço de movimentos e destreza em ambientes terrestres e aéreos

SÃO PAULO - Um estudo feito por pesquisadores da Universidade Cornell, nos Estados Unidos, e publicado na última terça-feira na revista online Nature Communications revela que o pescoço deu ao homem tamanha liberdade de movimentos que teve papel fundamental na evolução.
A conclusão deriva da análise genética de seres humanos e peixes. Cientistas achavam que as nadadeiras peitorais em peixes e os membros superiores (braços e mãos) em humanos recebessem nervos a partir dos mesmos neurônios. Afinal, nadadeiras e braços parecem estar no mesmo local no corpo.
Não exatamente. De acordo com a pesquisa, liderada por Andrew Bass, durante a transição ocorrida entre peixes e animais que passaram a caminhar sobre a terra - que deu origem aos mamíferos -, a fonte dos neurônios que controlam diretamente os membros superiores se deslocou do cérebro para a medula espinhal, à medida que o tronco se distanciou da cabeça e o pescoço entrou em cena.
Os braços no homem, assim como as asas de aves e morcegos, separaram-se da cabeça e ficaram posicionados no tronco, abaixo do pescoço, indica o estudo.
“O pescoço possibilitou o avanço de movimentos e da destreza em ambientes terrestres e aéreos. Essa inovação em biomecânica ocorreu simultaneamente a mudanças no modo com que o sistema nervoso controla os membros”, disse Bass.
De acordo com o pesquisador, o surgimento desse nível de plasticidade evolutiva provavelmente é responsável pela grande variedade de funções dos membros superiores, do voo em aves e do nado em baleias e golfinhos às habilidades humanas.

Não ter amigos é tão perigoso quanto fumar ou beber em excesso

Estadão
WASHINGTON - Não ter amigos pode ser tão perigoso para a saúde como fumar ou consumir álcool em excesso, diz um estudo de cientistas americanos publicado na última terça-feira no site da revista PLoS Medicine.
Os especialistas, da Universidade Brigham Young, em Utah, e do Departamento de Epidemiologia da Universidade da Carolina do Norte, asseguram que o isolamento é ruim para a saúde e, no entanto, essa é uma tendência cada vez maior no mundo industrializado, onde "a quantidade e a qualidade das relações sociais estão diminuindo enormemente".
Estudos prévios demonstraram que as pessoas com menos relações sociais morrem antes daquelas que se relacionam mais com amigos, conhecidos e parentes.
Por isso, preocupados com o aumento de pessoas que se relacionam menos com as outras, os cientistas analisaram como um isolamento excessivo pode afetar a saúde. Para tanto, os pesquisadores recorreram a 148 estudos prévios com dados sobre a mortalidade de indivíduos em função de suas relações sociais.
Após analisar informações de 308.849 indivíduos acompanhados por cerca de 7,5 anos, os pesquisadores descobriram que as pessoas com mais relações sociais têm 50% mais chances de sobrevivência do que quem se relaciona menos com outros.
Segundo os especialistas, a importância de ter uma boa rede de amigos e boas relações familiares "é comparável a deixar de fumar e supera muitos fatores de risco como a obesidade e a inatividade física".
Esses resultados também revelam que, analisando a idade, o sexo ou a condição de saúde do indivíduo, a integração social pode ser outro fator levado em conta na hora de avaliar o risco de morte de uma pessoa.
"A medicina contemporânea poderia se beneficiar do reconhecimento de que as relações sociais influem nos resultados de saúde dos adultos", apontam os responsáveis pelo levantamento. Eles acreditam que médicos e educadores deveriam advertir sobre a importância da relações sociais da mesma forma que defendem o antitabagismo, uma dieta saudável e a realização de exercícios.

Cientistas: grande asteroide pode atingir a Terra em 2182

Portal Google
Cientistas alertaram que um grande asteroide pode atingir a Terra e estimam que o mais provável é que, se acontecer o impacto, ele ocorra em 24 de setembro de 2182. O asteroide, chamado de 1999 RQ36, tem uma chance em 1 mil de atingir a Terra antes do ano 2200, mas as chances dobram na data estimada. Maria Eugenia Sansaturio e colegas da Universidade de Valladolid, na Espanha, calcularam a data mais provável de impacto através de modelos matemáticos e publicaram a pesquisa no jornal especializado Icarus. As informações são do site do jornal britânico Daily Mail.
Pode parecer muito tempo, mas, de acordo com os pesquisadores, qualquer tentativa de desviar o 1999 RQ36 tem que acontecer com pelo menos 100 anos de antecedência para ter alguma chance de sucesso.
Descoberto em 1999, o asteroide tem, de acordo com a Nasa - a agência espacial americana -, 560 m de diâmetro. Segundo a reportagem, os cientistas afirmam que, com o seu tamanho, o 1999 RQ36 pode causar uma grande devastação e até extinção em massa.

Como desviar um asteroide
Segundo a reportagem, os pesquisadores discutem há anos maneiras de mudar a trajetória de um asteroide. O método mais conhecido seria detonar uma ogiva nuclear. No último mês, David Dearborn, do Laboratório Nacional Lawrence Livermore, nos Estados Unidos, defendeu que armas nucleares podem ser a melhor estratégia para esse tipo de trabalho - especialmente em uma combinação de grande asteroide com pouco espaço de tempo para desviá-lo.
Outra ideia citada pela reportagem é a utilização de uma espaçonave com espelhos que refletiriam os raios do Sol em direção ao asteroide. Os gases da superfície poderiam criar um pequeno, mas suficiente, impulso.
Uma terceira opção, certamente a mais barata, seria chocar uma espaçonave contra o asteroide. A pequena força gravitacional da nave seria suficiente para mudar o caminho. Contudo, esse plano precisaria de muito tempo para fazer efeito.

Por que não se tem certeza?
O 1999 RQ36 faz parte de um grupo de asteroides que podem atingir o nosso planeta devido às suas órbitas. Além disso, a sua trajetória é muito bem conhecida graças a 290 observações diferentes por telescópios e 13 medições por radar.
Com tudo isso, como os cientistas não conseguem ter certeza de que ele vai ou não atingir a Terra? O problema é o chamado efeito Yarkovsky. Descoberto em 2003 pelo engenheiro russo de mesmo nome, o efeito é produzido quando, em seu caminho, o asteroide absorve energia do Sol e a devolve ao espaço em forma de calor, o que pode subitamente mudar sua órbita.

Conjunto de "plantas marinhas" cai 40% desde 1950

Folha Online
A massa de fitoplâncton dos oceanos, organismos microscópicos aquáticos que fazem fotossíntese, desaparece em todo o mundo à taxa de 1% ao ano, segundo estudo publicado nesta quarta-feira (28) na revista científica "Nature".
Desde 1950, a massa de fitoplâncton despencou em cerca de 40%, provavelmente por causa do impacto acelerado do aquecimento global, ressaltaram cientistas.
O fitoplâncton tem grande importância para o equilíbrio da natureza porque esses microorganismos produzem cerca de metade da matéria orgânica da Terra e do oxigênio da atmosfera. Ele também consome grande parte de CO2, gás do efeito estufa.
Por isso, seu deficit deve afetar os processos climáticos e ciclos bioquímicos como o do carbono.
Esses organismos, constituídos principalmente por algas, são a base da cadeia alimentar animal marinha, de camarões a baleias.

COMBUSTÍVEL

"O fitoplâncton é o combustível que move os ecossistemas marinhos", disse o principal autor do estudo, Daniel Boyce, professor da Universidade Dalhousie, na província canadense da Nova Escócia.
"Um declínio afeta toda a cadeia alimentar, inclusive os humanos", afirmou.
O ritmo deste declínio, maior nas regiões polares e tropicais coincidiu com o ritmo com que se aquecem as temperaturas da superfície dos oceanos, como resultado das mudanças climáticas, acrescentou o estudo.
Como todas as plantas, o fitoplâncton precisa de luz do sol e nutrientes para crescer.

ZONA MORTA

Mas oceanos mais quentes ficam mais estratificados, criando uma "zona morta" na superfície, onde menos nutrientes chegam das camadas mais profundas.
Segundo os cientistas, as descobertas são preocupantes.
"O fitoplâncton é uma parte crítica do nosso sistema de suporte planetário --ele produz metade do oxigênio que respiramos, reduz o dióxido de carbono na superfície e, por fim, sustenta toda a indústria pesqueira", explicou Boris Worm, coautor do estudo.
Boyce e seus colegas combinaram dados históricos e de alta tecnologia para medir a redução progressiva das minúsculas algas.
Em um estudo separado, também publicado na "Nature", uma equipe de cientistas chefiada por Derek Tittensor, também de Dalhousie, descobriu um vínculo estreito entre as temperaturas marinhas e a concentração de biodiversidade dos oceanos.
Em mais de 11.000 espécies, de zooplâncton a baleias, o único fator ambiental vinculado a todas elas é a temperatura.
"Este vínculo sugere que o aquecimento dos mares, como o provocado pela mudança climática, pode rearranjar a distribuição de vida marinha", disse Tittensor em um comunicado.

Imazon diz que desmatamento na Amazônia aumentou em junho

Portal Uol
O desmatamento na Amazônia voltou a subir em junho, de acordo com levantamento da organização não governamental Instituto do Homem e do Meio Ambiente da Amazônia (Imazon). Os satélites registraram 172 quilômetros quadrados (km²) de desmate, aumento de 15% em relação a junho de 2009.
O Pará liderou o desmatamento no mês, com 115 km² de floresta derrubada (67% do total de junho), seguido pelo Amazonas, com 22 km² de desmate, e por Mato Grosso, que perdeu 18 km² de vegetação nativa.
Segundo o Imazon, em junho, o desmatamento ocorreu principalmente na região da BR-163, que liga Cuiabá (MT) a Santarém (PA), nos trechos entre os municípios paraenses de Itaituba, Novo Progresso e Altamira. A derrubada também se concentrou na rodovia Transamazônica, entre os municípios de Apuí e Humaitá, no Amazonas.
Faltando um mês para completar o calendário oficial do desmatamento, que vai de agosto de um ano a julho do outro, o Imazon aponta tendência de aumento na devastação da floresta. No acumulado entre agosto de 2009 e junho de 2010, o desmatamento detectado pela ONG foi de 1.333 km². A soma é 8% maior que a registrada no período anterior (agosto de 2008 a julho de 2009), quando a devastação medida foi de 1.234 km².
A tendência de aumento do desmate apontada pelo Imazon vai na contramão do que mostram até agora as estimativas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), responsável pelas estatísticas oficiais do desmatamento.
Em maio, o Inpe detectou 109,6 km² de novos desmatamentos, 12% menor que a área registrada pelos satélites no mesmo mês do ano passado. Somados os primeiros dez meses do calendário oficial de desmatamento, houve redução de 47% da devastação em relação ao período anterior, de acordo com os alertas do sistema de Detecção do Desmatamento em Tempo Real (Deter), do Inpe.
No entanto, a tendência de redução verificada a partir dos dados do Inpe – e comemorada pelo Ministério do Meio Ambiente – ainda não inclui os números da devastação em junho e julho, meses em que as motosserras avançam mais por causa do período seco, que facilita o corte e o transporte da madeira ilegal na região.
A taxa anual do desmatamento é calculada pelo Projeto de Monitoramento do Desflorestamento na Amazônia Legal (Prodes), também do Inpe, e deve ser divulgada em outubro.

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Senhores da Guerra

Vejam no link abaixo os números das guerras que os EUA participaram. Será que algum historiador chegou a fazer a projeção de como seria a região ou país hoje se não houvessem estas guerras?

http://veja.abril.com.br/infograficos/senhores-da-guerra

Físicos da Europa e dos EUA próximos de encontrar a "Partícula de Deus"

Revista Veja
Para descobrir a partícula, os cientistas tentam recriar as condições do Big Bang, acelerando e colidindo partículas
Cientistas americanos e europeus anunciaram nesta segunda-feira em Paris que ainda não encontraram a "partícula de Deus". Mas, já têm uma boa ideia de onde ela não está.
A cada nova descoberta, os cientistas sabem com mais precisão onde procurar o Bóson de Higgs, como é conhecida na Física a "partícula de Deus". Eles sabem que, caso exista, ela está no intervalo entre 115 e 200 bilhões de elétron volts (eV) — uma unidade para medir a energia ou a massa de partículas na Física. Um eV é extremamente pequeno e unidades de milhões de elétron volts, MeV ou GeV, são mais comuns. A última geração de aceleradores de partículas alcançam muitos milhões de elétron volts, representados por TeV. Um TeV é a quantidade de energia que uma mosca gasta para voar.
Agora, resultados do laboratório americano Fermilab mostram que ela não está não está no intervalo entre 158 e 175 bilhões de elétron volts. Em comparação, o próton, uma das partículas centrais da matéria, possui uma massa de um bilhão de elétron volts. É como se você estivesse procurando um objeto na sua casa e soubesse que ele não está na sala, nem na cozinha e nem na área de serviço. Sobraram os quartos.
A famosa partícula é considerada pelos teóricos a responsável por atribuir massa à matéria. Se os cientistas a encontrarem, isso quer dizer que o Modelo Padrão da Física está correto. Mas, se conseguirem provar que ela não existe, será preciso pensar em uma forma de explicar a natureza completamente diferente do que temos agora.
Para descobrir a partícula, os cientistas tentam recriar as condições do Big Bang, durante a formação inicial do universo, acelerando e colidindo partículas entre si. Com isso, é possível estudar os restos das explosões e identificar como se deu o processo de formação de tudo que existe hoje. Atualmente, existem dois aceleradores de partículas no mundo que estão empenhados nessa descoberta: o americano Fermilab e o europeu LHC, ou Grande Colisor de Hadrons.
Físicos trabalhando no Fermilab na última década reuniram dados de mil trilhões (um, seguido de 15 zeros) de colisões de prótons e antiprótons procurando por sinais do Bóson de Higgs. Com os novos resultados, ficou mais fácil descobrir, se ela existir, onde a partícula está se escondendo.
Mas o Fermilab não é o único na caça pela partícula de Deus. Pesquisadores do europeu LHC, mais poderoso acelerador de partículas do mundo e que atualmente opera com metade da sua capacidade, disseram que já identificaram todas as partículas da Física atual, abrindo caminho para as novas partículas, incluindo o Bóson de Higgs. É a primeira vez, por exemplo, que o Top Quark, uma das partículas fundamentais do Modelo Padrão da Física, é identificada fora dos EUA.
A ideia é que o LHC chegue em sua potência máxima até 2013. Quanto mais energia, disseram os cientistas, mais eles se aproximam do Big Bang.

“Dilma e Serra são muito parecidos”, diz Marina

Revista Veja
A candidata à Presidência da República Marina Silva (PV) voltou a criticar, nesta segunda-feira, o comportamento de seus principais concorrentes, Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB). Durante sabatina promovida pelo portal Terra, disse que eles mudam de ideia de acordo com o público para o qual falam. “Tem gente que assume o compromisso e em seguida revoga o próprio compromisso”, ressaltou.
Quando questionada sobre qual dos dois oponentes sente-se mais próxima, Marina disse considerá-los muito parecidos. “A diferença é mais porque um é homem e a outra é mulher, ambos são desenvolvimentistas e têm o estilo ‘eu, eu, eu’, mas meu respeito com os dois é grande”, comentou.
Como faz parte de um partido inexpressivo no Congresso, foi perguntado à candidata do PV como ela iria viabilizar o governo sem apoio entre os parlamentares. Marina afirmou que irá se unir aos melhores de todos os partidos, “com os que estão comprometidos com idéias e visão de país”, independentemente da legenda. “O PT e o PSDB tentaram governar sozinhos e ficaram reféns do que há de pior no fisiologismo do Congresso”, disse.
Bom humor – Marina Silva repetiu a proposta afirmada em outros momentos de ser criada uma assembleia constituinte para votar grandes mudanças, como a reforma política. “Mas ela [a reforma política] pode começar agora, escolhendo candidatos que estejam comprometidos”, comentou.
Em seguida, arrancou risadas dos entrevistadores: “O problema é que as pessoas escolhem qualquer um. Aí vira a história do príncipe encantado. A pessoa se casa com o indivíduo e depois fica beijando para ver se vira príncipe. Nada contra os sapos, até porque tem muita gente aí que é mais feia que um sapo”.

Do Blog: Marina Silva tem razão onde vê semelhança em Dilma e Serra quando se fala em omissão de seus partidos (PT e PSDB) por não terem feito a Reforma Política, a Reforma Tributária, a Reforma Previdenciária e a Trabalhista. São semelhantes quando se percebe a omissão quanto a banalidade da violência prejudicou a educação da sociedade e principalmente são semelhantes quando querem o poder. A diferença é que Serra é neoliberal assumido enquanto a Dilma brinca de melancia, verde e amarelo fora e vermelho dentro.

Marina Silva é uma opção saudável. Pena que será engolida pelos lobos, na triste e repetitiva cena onde a Chapéuzinho Vermelho escolhe o perigoso caminho da floresta e é enganada. Ela só não morre porque afinal existem muitos lobos por aí e uma só Chapeuzinho Vermelho.

Latino-americanas mais escolarizadas casam menos, diz estudo

Portal Terra
As mulheres latino-americanas mais escolarizadas têm menos probabilidade de se casar do que as mulheres menos educadas ou que os homens igualmente educados, segundo afirma uma pesquisa da Universidade Harvard.De acordo com a pesquisa, baseada em dados de censos de mais de 40 países, quando se casa, grande parte das mulheres latino-americanas mais escolarizadas tende a fazê-lo com homens menos educados.
No Brasil e na Colômbia, por exemplo, cerca de 40% das mulheres mais escolarizadas se casam com homens menos educados, enquanto que nos Estados Unidos essa proporção é de apenas 16%. O estudo Schooling Can't Buy me Love (Escolaridade não pode comprar o amor, em tradução livre) define como mulheres mais escolarizadas as que têm pelo menos nível secundário completo.

Capacidade no lar
Os autores da pesquisa concluem que os homens latino-americanos valorizam mais a capacidade de uma mulher no lar do que sua preparação acadêmica na hora de escolher uma esposa. Segundo eles, a América Latina apresenta uma situação diferente da de outras regiões também analisadas, como países desenvolvidos ou do leste europeu. "Identificamos que quando uma mulher se casa com um homem menos educado do que ela, tende a trabalhar mais, enquanto quando se casa com um homem igualmente escolarizado, tende a ficar em casa", disse à BBC um dos autores do estudo, Ricardo Hausmann, ex-ministro de Planejamento da Venezuela.
Apesar disso, o estudo indica que quando as mulheres se casam com homens menos escolarizados, eles em sua maioria têm uma renda superior à média de seu perfil de idade e escolaridade. "Talvez seja algo que a mulher lhe acrescente, que lhe dê mais conexões, mais contatos, mais mundo, ou pode ser que se o homem não fosse uma pessoa relativamente capaz, a mulher não teria se casado com ele", comenta Hausmann, que é diretor do Centro de Desenvolvimento Internacional de Harvard.
Um estudo anterior do Fórum Econômico Mundial sobre a diferença entre os gêneros, do qual Hausmann participou, indicava que as mulheres latino-americanas haviam eliminado a diferença com os homens em termos de nível educacional e que hoje as mulheres são mais escolarizadas na média do que os homens na região. "Parte da hipótese que se poderia ter é que se as condições educacionais são igualadas, os gêneros vão se igualando em outras dimensões. E uma das coisas que aparece é que efetivamente as mulheres mais educadas tendem a trabalhar mais, mas há também toda essa complexa dinâmica em torno do casamento", afirma Hausmann. "Não esperávamos descobrir que mais educação implica também mais dificuldade de se casar", diz.

Estudo: sexo pode ajudar no crescimento de células do cérebro

Portal Terra
Um estudo da Universidade Princeton, nos Estados Unidos, indica que o sexo pode ajudar células do cérebro a crescer e também é capaz de diminuir a ansiedade. Como pesquisas anteriores indicavam que eventos estressantes pode reprimir o crescimento de neurônios em adultos, os cientistas decidiram testar eventos contrários ao estudar o efeito do sexo em ratos. As informações são do Live Science.
Os pesquisadores colocaram no mesmo espaço ratos machos adultos e fêmeas sexualmente receptivas uma vez ao dia durante duas semanas e, com outros animais, apenas uma vez em duas semanas. Os cientistas mediram no sangue dos roedores os níveis de um hormônio conhecido como glucocorticoide, ligado ao estresse e que pode estar relacionado a efeitos prejudiciais ao cérebro causados por experiências desagradáveis.
Quando comparados com machos virgens, ambos os grupos de ratos sexualmente ativos apresentaram uma proliferação de células no hipocampo, área do cérebro ligada à memória e especialmente sensível a experiências desagradáveis. Os animais que tiveram um maior número de relações sexuais apresentaram também um crescimento no tamanho dos neurônios, assim como no número de conexões entre essas células.
Por outro lado, os roedores que viram as fêmeas apenas uma vez em duas semanas tiveram um aumento no hormônio ligado ao estresse, enquanto que o outro grupo não apresentou nenhum aumento. Os cientistas dizem que o grupo que mantinha relações sexuais diárias era mais rápido que os virgens para consumir alimentos em um ambiente desconhecido - o que indica menor ansiedade.
Os pesquisadores afirmam ainda que, se por um lado os hormônios do estresse podem fazer mal ao cérebro, esse efeitos podem ser anulados por uma experiência prazerosa. O estudo foi publicado no jornal especializado PLoS ONE.

Crônica de um fracasso ambiental

Em 1960, russos abateram 4.046 baleias-jubarte. Foto: Instituto Baleia Jubarte/Divulgação

Estadão
Reunião para pôr fim à caça de baleias termina sem acordo; só pressão da opinião pública pode resolver impasse
Sete meses depois da Conferência do Clima de Copenhague, outra reunião global para tratar de questões ambientais terminou em fracasso. No fim do mês passado, 74 dos 88 países membros da Comissão Internacional da Baleia (CIB) reuniram-se em Agadir, no Marrocos, para tentar pôr um fim à caça dos mamíferos. Apesar da ampla maioria, foram derrotados por um grupo encabeçado por Japão, Noruega e Islândia. Agora, embora o fracasso de Agadir tenha tido pouca repercussão, dez entre dez especialistas acreditam que só a opinião pública mundial pode forçar uma solução para o impasse: a hora é de pressão política e econômica internacional.
Calcula-se que todo ano sejam caçadas no planeta cerca de 1.900 baleias, de várias espécies. Os grandes responsáveis por isso são baleeiros japoneses, noruegueses e islandeses. O curioso é que a prática está banida por uma moratória instituída pela CIB em 1986. Os países que a mantêm se valem de um artifício: a caça para fins científicos é permitida pela Convenção Internacional para Regulação da Atividade Baleeira, de 1946.
Vários países já denunciaram o programa de "caça científica" do Japão como mera fachada para a atividade baleeira comercial. Apesar disso, os japoneses continuam a praticá-la, até mesmo no Santuário Baleeiro do Oceano Austral. Por conta disso, a Austrália acionou o país na Corte Internacional de Haia.
"Os países conservacionistas têm de fazer pressão política sobre o Japão. O país será sede da Convenção de Diversidade Biológica em outubro e se comprometeu com a biodiversidade global. O mundo tem de fazer o Japão perceber que não pode apoiar a biodiversidade de um lado e caçar baleias de outro", afirma Susan Lieberman, dirigente do Programação de Conservação de Baleias da fundação americana Pew Charitable Trusts. "Os japoneses podem estar legalmente aptos a fazer a caça científica, mas isso não significa que seja correto, ou realmente científico. Eles deveriam parar com todo tipo de caça, principalmente no Santuário Austral."
Além de manter seu programa "científico", o Japão é o principal destino dos produtos derivados das baleias caçadas pela Islândia. Em 2009, a Islândia exportou 372 toneladas de carne de baleia da espécie fin ? um aumento substancial em relação às 80toneladas de 2008 ?, o que rendeu ao país US$ 6,4 milhões.
A parceria entre islandeses e japoneses, no entanto, corre risco. A Islândia está sendo pressionada pelo Parlamento Europeu a escolher entre a vaga que pleiteia na União Europeia e a manutenção da caça às baleias.
"A resolução do Parlamento deixou claro que a Islândia não poderá negociar o acesso à Comunidade Europeia apenas com base no compromisso de reduzir o número de baleias caçadas", diz Arni Finnsson, presidente da Associação para a Preservação da Natureza na Islândia. "Está claro que a caça às baleias e a entrada para a União Europeia não são temas conciliáveis."
Retrocesso. Como a CIB está longe do status do Parlamento Europeu e não tem poder de sanção, os países caçadores saíram de Agadir com o arpão e o queijo na mão. "Se a CIB pudesse punir, essas nações não fariam parte dela", diz Ana Paula Prates, gerente de Biodiversidade Aquática e Recursos Pesqueiros do Ministério do Meio Ambiente e integrante da delegação brasileira na CIB.
Ana afirma que, apesar do fracasso do encontro no Marrocos, o resultado poderia ter sido ainda pior. "Acabou sendo menos ruim não aceitar a proposta que estava na mesa. A ideia no início era manter a moratória, mas regularizar a caça nos três países que ainda insistem nela, estipulando cotas de acordo com as bases do Comitê Científico da CIB", explica Ana Paula. "Em contrapartida, queríamos que o Japão deixasse de caçar no Santuário e pretendíamos controlar suas cotas. Como eles não abriram mão, desistimos."
A estratégia da CIB diante do impasse foi adiar as discussões sobre a caça. Mas a comissão já começa a pagar um preço pela tolerância com a atividade. Países que sempre respeitaram a moratória, como a Coreia, manifestaram oficialmente em Agadir interesse na caça comercial.
Coincidência ou não, a Coreia registra altos índices de "caça acidental" ? alega que os seus pesqueiros acabam capturando baleias com redes usadas para pegar peixes. Aliás, o número de restaurantes que servem carne de baleia na Coreia já chega a cem, igual ao da Islândia
"O risco era esse: não conseguir um acordo e deixar para os outros países o recado de que tudo pode acontecer"", afirma Susan, citando China e Rússia como potenciais problemas. Os russos, por exemplo, já foram grandes caçadores. Abateram 4.046 jubartes num único ano, 1960, nas Ilhas Geórgias do Sul.
A reunião ocorreu em meio a denúncias de que delegados japoneses compraram votos de países-ilha no Pacífico e de nações africanas ? que já tinham sido feitas no documentário The Cove, vencedor do Oscar deste ano. Apesar de comentados nos bastidores, os rumores não foram discutidos no plenário.
"O Japão já admitiu que paga a outras nações para que participem de conferências", diz Susan. "Não há nada errado nisso, contanto que não seja uma forma de barganha. Mas alguns países acusados de receber dinheiro em troca de votos abriram processo de investigação interna."

Nasa elabora mapa de Marte com melhor definição já vista

Revista Época
As imagens foram feitas pela Themis, uma câmera da sonda espacial Mars Odyssey que fotografa com radiação infravermelha
A Nasa (agência espacial dos Estados Unidos) conseguiu mostrar o planeta Marte com a maior precisão na história graças à câmera da sonda Mars Odyssey, que mostra o planeta vermelho ao público com a melhor definição vista até o momento.
O mapa foi construído com cerca de 21 mil imagens tiradas pelo Sistema Térmico da Imagem Latente da Emissão, o "Themis", uma câmera com radiação infravermelha carregada pela sonda espacial. Os pesquisadores do Centro de Voo Espacial de Marte da Universidade Estadual do Arizona, na cidade de Tempe, em colaboração com o Laboratório de Jato-Propulsão da Nasa, em Pasadena, na Califórnia, apresentaram ao público o mapa que começaram a elaborar há oito anos.
A câmera fotografou detalhes do planeta vermelho e os cientistas trataram as imagens para conseguir a máxima nitidez possível. As imagens foram suavizadas, misturadas e organizadas cartograficamente em um mapa interativo que a Nasa disponibilizou em seu site (http://www.mars.asu.edu/maps/?layer=thm_dayir_100m_v11).
"A equipe do Themis elaborou um produto espetacular, um mapa que os pesquisadores de Marte utilizarão como base durante muitos anos", disse Jeffrey Plaut, cientista do projeto Mars Odyssey. O mapa estabelece o marco para estudos globais de propriedades como a composição mineral e a natureza física dos materiais da superfície de Marte, segundo ele.
O objetivo "é fazer com que a exploração de Marte seja fácil e atrativa para todos", disse o principal pesquisador do Themis, Philip Christensen. "Estamos tratando de criar uma interface fácil de usar entre o público e o sistema de dados planetários da Nasa, que faz um trabalho excelente de recolher, validar e arquivar os dados", afirmou.

Governo tem de inovar em educação e saúde, dizem especialistas

Revista Época
Os brasileiros deverão ter mais empregos nos próximos anos, impulsionados pelo crescimento econômico e ganho de poder de compra da população – mas isso não bastará para que tenham empregos melhores, do tipo que exige criatividade e paga melhor. Para que o país tenha mais e melhores postos de trabalho, precisará inovar, mais e melhor do que tem feito até agora. “O investimento em inovação tem de dar retorno. Precisamos investir nos cientistas que sejam também empreendedores”, afirmou nesta terça-feira (27/7) Robert Binder, gestor nacional do Criatec, fundo de estímulo a microempresas de base tecnológica. A declaração foi feita no 8º Congresso Internacional Brasil Competitivo, em São Paulo.
Os governos não precisam ter receio de dar esse tipo de destinação ao dinheiro público, segundo a avaliação de outro especialista, Ary Plonsky, presidente da Anprotec, associação de incubadoras e outras entidades que promovem empreendimentos tecnológicos. Pelas contas de Plonsky, as microempresas desse tipo que receberam dinheiro do governo nos últimos 20 anos geram hoje 35 mil empregos altamente qualificados, têm receita conjunta de R$ 4 bilhões e pagam por ano cerca de R$ 450 milhões em impostos.
Para que o dinheiro seja usado de forma mais eficiente de agora em diante, porém, Plonsky sugere outra abordagem do tema por parte dos governos. “Inovação não é um departamento, um assunto fechado em si – é uma estratégia, um jeito de pensar, que tem de ser aplicado no governo de forma transversal, em todas as grandes questões: educação, saúde, habitação, infraestrutura”, disse o especialista. O resultado seria ganho de eficiência por parte do governo, aumento da competitividade do país e estímulo aos profissionais e empresas que fornecem produtos e serviços inovadores.
Diante da eleição, os especialistas são cuidadosos, sem grandes demonstrações de empolgação ou temor com os candidatos. “Se for eleito José Serra, se for eleita Dilma Rousseff, não haverá grandes mudanças. A agenda da inovação brasileira está colocada”, afirmou Binder, do Criatec. “Não vejo grande ameaça nesse sentido”, concluiu o especialista – acrescentando, em seguida, o nome de Marina Silva ao dos candidatos que não devem trazer grande mudança nas políticas de inovação.

sábado, 24 de julho de 2010

Havia mamutes no Brasil?

Revista Época - por Peter Moon
A descoberta em Rondônia do enorme dente molar de um elefante extinto levanta a possibilidade dos mamutes terem habitado a América do Sul

Um pouco de história

A possível descoberta de elefantes (ou mamutes) na América do Sul é um evento comparável ao achado dos primeiros fósseis de mamutes e mastodontes. A primeira menção de um elefante congelado ou mamute, como era chamado pelas tribos da Sibéria, foi feita pelo explorador holandês Eberhard Ysbrants Ides (1657-1708). Ides teria avistado uma carcaça de mamute enterrada no permafrost, o solo permanentemente congelado da Sibéria, em 1692, durante sua viagem de três anos até Pequim, acompanhando o embaixador russo indicado pelo czar Pedro, o Grande.
No século XVIII, diversos fósseis de mamutes foram achados na Sibéria, e alguns foram parar nos primeiros museus de história natural, como o de Paris. Foi lá que o grande anatomista barão Georges Cuvier (1769-1832), considerado o pai da paleontologia, revelou a identidade dos fósseis siberianos. Cuvier percebeu que pertenciam a uma espécie de elefante diferente das vivas, a africana e a asiática. No dia 15 do Germinal do ano IV do calendário da Revolução Francesa (ou 4 de abril de 1796), Cuvier leu em público o seu estudo intitulado Les espèces d’éléphants fossiles comparées aux espèces vivantes (as espécies de elefantes fósseis comparadas às espécies viventes), onde afirmou que os mamutes diferiam do elefante tanto quanto o cachorro difere do chacal e da hiena. Assim como o cachorro tolera o frio do norte, enquanto chacal e a hiena vivem nos trópicos, poderia ter acontecido o mesmo com aqueles elefantes peludos, os mamutes extintos.
Foi Cuvier também quem identificou os mastodontes americanos. Em 1739, nas barrancas do rio Ohio (que fazia parte da colônia do Canadá e hoje pertence ao estado americano do Kentucky), tropas do comandante francês Barão Charles de Lougueuil encontraram ossos enormes, incluindo uma presa, um fêmur e três molares. Os restos daquele que ficaria conhecido como o “animal de Ohio” foram enviados ao Gabinete do Rei (o futuro Museu de História Natural), em Paris. A primeira tentativa de identificação foi feita em 1762, por Louis Jean Marie Daubenton (1716-1800). Pautado em uma minuciosa análise de anatomia comparada, Cuvier anunciou, em 1806, que aquele animal era uma outra espécie extinta de elefante, a qual deu o nome de mastodonte.
Mais de 200 anos após Cuvier apresentar os mamutes e os mastodontes ao mundo, eis que surge a possibilidade da existência de uma nova espécie desconhecida de elefantes. E logo na América do Sul, onde se acreditava que aqueles paquidermes nunca haviam pisado – apenas seus primos distantes, os mastodontes.

O bem Amado - o clássico brasileiro e Odorico Paraguaçú - o clássico do Brasil

Marco Nanini – Odorico Paraguaçu
"Recentemente, eu encenei O Bem Amado no teatro. Isso foi uma maneira de treinar o Odorico para o cinema. Eu fui pegando intimidade, repeti muitas vezes a interpretação. Quando eu cheguei ao set, eu já tinha o temperamento do Odorico definido. Era só adapta-lo ao veículo. Algumas frases eu dava mais ênfase no teatro para marcar a comicidade do texto. Já no cinema, isso foi suavizado, senão ficaria tudo muito “grande”, muito canastrão. E o Odorico já é canastrão. Ele está sempre seduzindo, sempre atuando para os seus eleitores. Faz tudo pelo voto. Não me inspirei em nenhuma figura política específica, não era esse o objetivo. O que queríamos era exaltar esse personagem emblemático do Dias Gomes que representa a classe política brasileira. Para mim, fazer o Odorico, é como ter que fazer outro personagem qualquer, não importa se ele já foi feito antes ou não. É sempre um desafio. Os personagens são muito temperamentais. Nem sempre eles fazem o que você quer. Quando fui fazer a peça, eu já sabia o que queria com o Odorico, mas ele não “baixava”. Eu fui ficando desesperado. Quando eu não sinto, não acredito no personagem, é que ele não deu certo. Mas, no ensaio geral, ele veio. Inesperadamente."

José Wilker – Zeca Diabo
"Eu tenho um manual de interpretação que, na verdade, é um verso de Carlos Drumonnd de Andrade: “penetras surdamente nos reinos das palavras”. Eu confio muito no texto. Quando o texto é bom, ele te desperta curiosidades das mais variadas. Eu não vi a novela, nem o seriado. Minha aproximação com O Bem Amado foi com esse filme. Então, para construir o Zeca Diabo, eu me apoiei primeiramente no texto. Depois, veio a leitura que o Guel Arraes faz e passou para o elenco. Por fim, vem algo que fez nascer a máscara do personagem que é quando eu me deparei com o figurino, com a maquiagem, com a geografia das locações, com os outros atores. As primeiras cenas que eu rodei foram com o Matheus Nartchegalle em Maceió. A geografia do lugar, aquelas falésias, aquela coisa solar, me deram o tom do Zeca. A roupa me deu uma postura, a sandália apertada me deu o jeito de andar. O ambiente me deu uma respiração que eu não teria em nenhum outro lugar. Eu não sei explicar como isso passa da teoria para a prática. É um mistério. Eu só sei que acontece. No cinema, ao contrário da TV, você tem que aproveitar frações de segundos para desenhar a personagem. Você tem uma hora e vinte para contar uma vida. "

Matheus Nachtergaele – Dirceu Borboleta
"O Dirceu tem uma cegueira. Ele é subalterno ao Odorico, alheio ao que acontece a sua volta. É uma figura patética. Ele tem aquele cabelo repartido ao meio... Todo dia quando eu ia gravar, que eu me maquiava, eu olhava para o espelho e dizia: “Caramba, olha o Dirceu! Que figura!”. O texto é engraçado, mas o personagem tem algo de trágico. E é daí que vem a graça dele. Os personagens de O Bem Amado são saborosos. O texto é maravilhoso e te ajuda a chegar aos personagens. Por isso, não houve necessidade de recorrer ao que foi feito anteriormente na TV. As informações de que o Dirceu era ingênuo, virgem, me levaram a ele. Eu achei que deveria falar mais agudo, pelo fato dele ser virgem. Eu adorei fazer esse filme. O elenco se deu muito bem. Foi um grande encontro."

Infográfico - Sal

Revista Época

Um guaraná cor-de-rosa do Maranhão conquista a maior premiação mundial de design

Revista Época
Uma anedota maranhense afirma que, no Estado, o primeiro significado da palavra Jesus é um refrigerante. A brincadeira reflete um fenômeno que começou local, tornou-se famoso no Brasil e agora se apresenta ao mundo: o guaraná Jesus, segundo refrigerante mais consumido no Maranhão (atrás apenas da líder global Coca-Cola). A folclórica bebida cor-de-rosa ganhou a medalha de ouro de melhor estratégia de marketing no Prêmio Internacional de Excelência em Design, o Idea, a maior premiação mundial de design. A campanha vencedora ocorreu no fim de 2008 para renovar o visual da lata. A tarefa não era simples, já que a bebida angariou, ao longo de décadas, fãs entusiasmados.
O guaraná Jesus, criado em 1920, enraizou-se no gosto maranhense. Com pouquíssima propaganda, tornou-se quase um símbolo cultural do Estado. Ele deu origem a um subsegmento, o guaraná rosado, comum também no Piauí e Pará. Nos últimos anos, seu nome engraçado e sua cor fascinante ganharam simpatia Brasil afora. Há centenas de comunidades bem-humoradas a seu respeito no Facebook e no Orkut. Vídeos no YouTube brincam com o refrigerante em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e outras cidades espalhadas pelo país – o tipo de tratamento espontâneo e alegre que empresas gastam milhões para conseguir. Há muito mais gente que fala sobre a bebida do que gente que já experimentou mesmo seu sabor muito doce, com traços de cravo e canela (a fórmula exata tem uma aura de mistério), mas os apreciadores reais não só existem, como se organizam para “importar” as latinhas do Maranhão. Por isso, renovar a lata sem incomodar os fãs seria um trabalho delicado. “Em marcas que são ícones, como o Jesus é no Maranhão, o desafio é manter a ligação emocional com os consumidores”, diz Leonardo Lanzetta, diretor executivo da agência de publicidade Dia, que montou a estratégia de marketing premiada. Em outras palavras: uma mudança desastrada faria com que o bebedor de Jesus não reconhecesse mais o produto que lembra sua infância, adolescência e tempos felizes.
Os publicitários fizeram uma campanha estadual com três propostas de novos desenhos para a lata e pediram votos dos fãs. Usaram a internet e mensagens por celular. Três pessoas fantasiadas de latinha – uma de cada opção – passearam por São Luís, brincaram com os passantes, visitaram colégios e entraram em casamentos, sempre recebidas com festa. O modelo vencedor lembra outro símbolo do Estado, os azulejos coloniais portugueses de São Luís. A Coca-Cola, que havia comprado a marca em 2001, esperou para fazer mudanças sem quebrar a ligação nostálgica dos bebedores com Jesus. “Foi um grande mérito da campanha. Os consumidores sentiram que a marca pertence a eles, e não à Coca-Cola”, afirma Júlio Moreira, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em marcas. Desde a campanha, as vendas do refrigerante cresceram 17%, segundo a consultoria Nielsen.
O resultado certamente teria agradado ao criador da bebida, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes – que era ateu, foi excomungado e morreu em 1963. O guaraná resultou de uma tentativa frustrada de fabricar um remédio. Deu errado, mas os netos do farmacêutico adoraram o xarope. Nascia um produto vitorioso.

Democracia se faz na internet

Revista Época

O site Vote na Web, que fiscaliza o comportamento dos políticos e faz votações em paralelo ao Congresso, já atraiu a atenção das Nações Unidas

O voto legislativo é um instrumento usado pelos cidadãos. Ele transfere responsabilidade política a um representante com a finalidade de propor e votar leis para melhorar o país. A tarefa é de importância indiscutível, mas pouca gente tem condições – e paciência – para fiscalizar se o candidato que escolheu está correspondendo a suas expectativas.
Para facilitar a vida de quem pretende acompanhar os passos dos políticos, nasceu, no final do ano passado, o projeto Vote na Web (www.votenaweb.com.br). Ele reúne na internet todos os projetos de lei que entram em votação na Câmara ou no Senado. O site permite ainda que o internauta sinta o gostinho de agir como político. Funciona assim: a cada projeto de lei que entra em votação, o Vote na Web cria uma página na qual os leitores podem ler o texto e opinar: “Sim” ou “Não”. A votação digital pode ser feita enquanto o projeto estiver tramitando no Congresso. Depois que ele é aprovado ou reprovado, o site compara a escolha do público com aquela que foi feita pelos políticos. O Vote na Web mostra quais parlamentares votaram, se foram contra ou a favor do projeto e de que região eles são. Todos os deputados e senadores têm uma página exclusiva no Vote na Web. Além de uma ficha técnica com suas origens e o histórico na vida política, é possível descobrir ali quantos projetos de lei o político sugeriu e como votou em cada situação.
Por trás desse trabalho em prol da cidadania está o publicitário mineiro Fernando Barreto, de 37 anos, sócio da Webcitizen, que desenvolve sistemas especializados em engajamento social pela internet. Seus clientes são órgãos públicos, ONGs e empresas interessadas em usar a web para mobilizar as pessoas por uma causa, seja ela filantrópica ou comercial. Ao mesmo tempo que coloca o cidadão em contato com o Poder Legislativo, Barreto usa o Vote na Web como vitrine para conseguir novos clientes. “Todas essas informações estão ao alcance dos eleitores em diversos sites do poder público”, afirma Barreto. “O que fizemos foi reuni-las num único lugar e com design mais atraente.” Seu objetivo: ajudar a resgatar o respeito pela atividade política. “Se a política não tem credibilidade, a democracia não evolui”, afirma.
Não é só o design atraente que torna o Vote na Web uma ferramenta de cidadania interessante. O site tem um sistema de busca que permite ao internauta fazer pesquisas parlamentares detalhadas – por assunto, por político e por Estado. O resultado pode ser luminoso. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) propôs um projeto de lei que obrigava estudantes de instituições públicas de ensino superior com renda superior a 30 salários mínimos a pagar uma taxa anual para a universidade. Pela escolha popular, o projeto seria aprovado com 67% dos votos. O Congresso, no entanto, o reprovou com 100% dos votos. Já o deputado Zequinha Marinho (PSC-TO) propôs um projeto de lei proibindo a adoção de crianças por homossexuais. Na votação popular, ele vem sendo rejeitado por 78% dos internautas – exceto nos Estados do Tocantins, Maranhão e Piauí, onde vence. O texto ainda tramita em Brasília.
Alguns dos projetos de lei colocados no site (são inseridos entre 60 e 80 deles por mês) tiveram mais de 1.200 votos de internautas. Alguns de seus fóruns chegam a ter centenas de comentários contra ou a favor de determinados projetos. Cerca de 1.100 pessoas seguem as novidades do site pelo Twitter. Oitocentas pessoas estão cadastradas para receber informações do Vote na Web. “Até maio passado, estávamos montando o acervo de informações”, diz Barreto. “Faz pouco tempo que as pessoas começaram a interagir.”
O projeto levou Barreto a receber um convite da Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de um congresso no mês passado, em Barcelona, que discutia o uso da tecnologia para o engajamento civil. A Webcitizen foi a única empresa brasileira a chegar lá, entre mais de 100 participantes. “O projeto teve retorno positivo e entusiasmado da audiência”, afirma Anni Haataja, do Departamento de Interesses Socioeconômicos da ONU. Barreto também tem feito viagens para os Estados Unidos, onde participa de reuniões na ONU como consultor. Ela tenta ajudar a entidade a levar sistemas como o Vote na Web a países com outra cultura política. “É importante ter o apoio de pessoas do setor privado como Barreto”, diz Anni. “Sem isso, nenhuma instituição consegue implementar mudanças.”

Lula se compara a Jesus Cristo

(…) Se eu pudesse tirar a camisa o meu corpo estaria mais estraçalhado do que o corpo de Jesus Cristo depois de tantas chibatas que ele tomou”.

Presidente Lula ao comentar o comportamente da oposição no Senado.

Do Blog: não acredito em pessoas que se comparam a heróis e o que dizer a quem se compara a Deuses?

Funcionamento dos neurônios pode inspirar próxima geração de computadores

Revista Veja
Cientistas tentam entender como comunicação no cérebro funciona. Com isso, poderão projetar computadores mais inteligentes - e com emoções

Pesquisadores ingleses estão desenvolvendo novos computadores com base na observação dos neurônios. Eles se inspiram na forma em que os neurônios são constituídos e como eles se comunicam. As máquinas que poderão resultar desse trabalho seriam revolucionárias, com avanços enormes no processamento de vídeo e áudio. Pode ser que os computadores aprendam a ver e ouvir no futuro, em vez de dependerem de sensores. Além disso, os pesquisadores estão ajudando a melhorar o entendimento sobre como as células nervosas operam.
As redes neurais artificiais já existem há mais de 50 anos, mas ainda não copiam exatamente neurônios de verdade. O projeto coordenado pelo cientista da computação Thomas Wennekers, da Universidade de Plymouth, Inglaterra, quer modelar características específicas do modo com os neurônios em uma parte específica do cérebro se comunicam. “Queremos aprender da biologia como vamos construir os computadores do futuro”, disse Wennekers. “O cérebro é muito mais complexo do que as redes neurais que já foram implementadas até então”.
Os trabalho inicial do projeto foi coletar dados sobre neurônios e como eles se conectam entre si em uma parte do cérebro. Os pesquisadores estão concentrados no microcircuitos laminares do neocórtex, que está envolvido em funções avançadas do cérebro como visão e audição. Os dados reunidos alimentaram simulações altamente detalhadas de grupos de células nervosos e microcircuitos de neurônios que estão espalhados por outras estruturas maiores como o córtex visual. “Construímos modelos bem detalhados do córtex visual e estudamos propriedades especiais dos microcircuitos”, disse Wennekers. “Estamos estudando quais aspectos são cruciais para certas propriedades funcionais como reconhecimento de objetos e palavras”.
Os cientistas esperam que o trabalho irá produzir mais do que redes sensoriais. “Pode ser que consigamos construir componentes inteligentes”, disse o pesquisador. “Talvez”, continuou, “pode ser que ele tenha emoção”. A ideia é proporcionar uma computação completamente nova.
Um cérebro maior - Enquanto Wennekers e sua equipe estão trabalhando com simulações de software, Steve Furber da Universidade de Manchester, Inglaterra, está usando a inspiração de neurônios para produzir novos tipos de hardware. O projeto denominado Spinnaker, do professor Furber, está tentando criar um computador especificamente melhorado para funcionar como a biologia.
Baseado em chipes ARM, o sistema Spinnaker simula no hardware o trabalho de um número relativamente grande de neurônios. “Temos modelos de neurônios biológicos de impulso”, disse Furber. “Neurônios cuja comunicação com o resto do mundo é um pequeno sinal de rede. Quando isso acontece, ele emite dados para uma pequena rede de computadores”.
Cada processador do projeto Spinnaker executa certa de 1.000 modelos neurais. O sistema atual usa oito processadores mas, de acordo com Furber, a equipe está na fase final do desenvolvimento de uma placa com 18 processadores, 16 dos quais irão modelar neurônios.
O objetivo final é um sistema controlado por um bilhão de neurônios utilizando um milhão de processadores. “O objetivo inicial é entender o que está acontecendo na biologia”, disse Furber. “Nosso entendimento do processamento do cérebro é muito limitado”.
Eles esperam que a simulação também leve a sistemas inovadores de processamento em computadores e outras descobertas sobre como muitos elementos de computadores podem ser conectados uns aos outros. “O futuro da indústria da computação está limitado pelo processo em paralelo”, disse Furber.
Independente disso, disse o professor, a o entendimento da indústria da computação sobre como conseguir aproveitar ao máximo esses elementos computacionais não existe. O problema, continuou, é como executar o sistema sem ser limitado pelo excesso de gerenciamento dos processos.
O projeto Spinnaker pode mostrar um caminho para superar alguns desses problemas à medida que elementos individuais serão menores do que os processos monolíticos em uso agora e irão, em certa medida, auto-organizarem. Eles também irão oferecer a vantagem de utilizar muito menos energia do que as máquinas existentes. “Acreditamos que a mudança será profunda”, concluiu Furber.

Uma maneira de pensar o mundo

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura diante do mundo.
Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o próprio homem, em sua vida cotidiana.
Uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica. Há alguns anos, foi publicado no Brasil, um livro chamado "Os Simpsons e a Filosofia", que tratava das questões filosóficas implícitas no famoso desenho animado da TV.
Como o próprio Bart Simpson, a filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida.


Uma disciplina indisciplinada

Por isso, a filosofia incomoda, pois ela questiona o modo de ser das pessoas, das sociedades, do mundo. Discute as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia pode ser perigosa ou subversiva, pois pode virar a ordem estabelecida de cabeça para baixo.
Quando surgiu entre os gregos, no século 6 a.C., a filosofia englobava tanto a indagação filosófica propriamente dita, quanto aquilo que hoje é chamado de conhecimento científico. O filósofo refletia e teorizava sobre todos os assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao como, ou seja, ao modo pelo qual elas acontecem ou "funcionam".
Euclides, Tales e Pitágoras, por exemplo, foram filósofos que também se dedicaram ao estudo da geometria. Aristóteles, por sua vez, investigou problemas físicos e astronômicos, na medida em que esses problemas também interessavam à cultura e à sociedade de sua época.

Só a partir do século 17, com o aperfeiçoamento do método científico - baseado na observação, na experimentação e matematização dos resultados -, a ciência tal qual a entendemos hoje começou a se constituir, como uma forma específica de abordagem do real que se destacava ou desprendia da filosofia propriamente dita.
Afastando-se da filosofia por se tornarem mais específicas, apareceram pouco a pouco as ciências particulares, que investigam determinados aspectos da realidade: à física interessam os movimentos dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações das substâncias; à astronomia, os corpos celestes; à psicologia, os mecanismos do funcionamento da mente humana; à sociologia, a organização social, etc.
O conhecimento fragmenta-se entre as várias ciências, pois cada uma se ocupa somente de uma parte do real. Estudam os fenômenos que pertencem à sua área específica e pretendem mostrar como estes ocorrem e como se relacionam com outros fenômenos. A posse do conhecimento sobre os fenômenos naturais e humanos gera a possibilidade de prevê-los e controlá-los.

Integração e totalidade

Por outro lado, a filosofia trata dessa mesma realidade, só que - em vez de separá-la em conhecimentos particulares e estanques - considera-a no interior da totalidade de fenômenos, ou seja, procura enxergar a realidade a partir de uma visão de conjunto. Qualquer que seja o problema, a reflexão filosófica considera cada um de seus aspectos, relacionando-o ao contexto dentro do qual ele se insere e restabelecendo a integridade do universo humano.
Sob o ponto de vista filosófico, por exemplo, é impossível considerar os problemas econômicos do Brasil somente a partir de princípios de economia. É necessário relacioná-la com os interesses das diversas classes sociais, os interesses políticos, os interesses nacionais, etc.
Um país economicamente instável é um país política e socialmente instável. Já para a ciência econômica isso não vem ao caso. Para a economia, interessa somente verificar como a inflação ou a recessão funciona para poder controlá-la, independentemente dos reflexos que esse controle tenha para a sociedade.

Perguntas e mais perguntas

Por isso, sem desmerecer o conhecimento especializado das várias ciências, a reflexão filosófica é sempre - mais do que necessária - obrigatória. Cabe ao filósofo refletir sobre o que é ciência, o que é método científico, qual a sua validade e seus limites.
A ciência é realmente um conhecimento objetivo? O que é a objetividade e até que ponto um sujeito histórico - o cientista - pode ser objetivo, isto é, isento de interesses pessoais? Cabe ao filósofo, também, refletir sobre a condição humana atual: o que é o homem? O que é liberdade? O que é trabalho? Quais as relações entre homem e trabalho? É possível existir uma outra ordem social?
A própria escola é alvo de reflexão filosófica. A educação pressupõe uma visão do homem como um ser incompleto, que pode ser aprimorado, educado, ao contrário dos animais, que não precisam ser educados, pois orientam-se pelos instintos. Só os educamos, ou domesticamos, para acomodá-los às nossas necessidades humanas.
O caso dos homens é diferente, sem dúvida, mas, para que o ser humano é educado? Para o exercício da liberdade e da responsabilidade ou só para se inserir na ordem estabelecida? Em outras palavras, a educação ocorre para cada homem saber pensar por si próprio ou para aceitar as regras que outros pensaram para ele?
A filosofia quer encontrar o significado mais profundo dos fenômenos. Não basta saber como funcionam, mas o que significam na ordem geral do mundo humano. A filosofia emite juízos de valor ao julgar cada fato, cada ação em relação ao todo. A filosofia vai além daquilo que é, para propor como poderia ser. E, portanto, indispensável para a vida de todos nós, que desejamos ser seres humanos completos, cidadãos livres e responsáveis por nossas escolhas.

Características do pensamento filosófico

O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados mais profundos. Porém, como se faz isso?
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer o que é reflexão. Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo também deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nas coisas, nos acontecimentos e nas ações humanas.
Para chegar a isso, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir as seguintes características:

•Radicalidade - ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade.

•Rigor - isto é, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas.

•Contextualidade - como já se disse antes, a filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.

Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo do filosofar será sempre marcado por essas características, resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.
*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.

Do Blog: defendo a aplicação da disciplina Filosofia desde o 1º ano primário (adaptado claro) como principal ferramenta para "dar norte" e facilitar a compreensão das coisas da vida pelas crianças, para que se tornem adolescentes produtivos e adultos sensatos.

Bioma Pampa já perdeu mais da metade da vegetação original

O Estadão
O bioma Pampa, que ocupa a maior parte do Rio Grande do Sul, já perdeu quase 54% da vegetação original. Os dados mais recentes do desmatamento do bioma, divulgados hoje (22) pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que, entre 2002 e 2008, 2.183 quilômetros quadrados (km²) de cobertura nativa foram derrubados. O levantamento, feito pelo Centro de Monitoramento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), aponta os 19 municípios gaúchos que mais desmataram o bioma no período. Alegrete, no extremo oeste do estado, é o campeão de derrubada, com 176 km² de desmate entre 2002 e 2008. As cidades de Dom Pedrito e Encruzilhada do Sul aparecem em seguida, com 120 km² e 87 km² desmatados em seis anos.
Apesar do grande percentual desmatado, o ritmo de devastação do Pampa é o menor entre os biomas brasileiros. De acordo com os dados do MMA, a região perdeu anualmente, em média, 364 km² de vegetação nos últimos seis anos. No Cerrado, o ritmo anual de devastação é de 14 mil km² por ano e, na Amazônia, a derrubada atinge 18 mil km² de floresta anualmente.

Gilbert Shelton, o verdadeiro Freak Brother




Um dos precursores dos cartuns underground da década de 60 divide mesa com Robert Crumb na Flip

SÃO PAULO - Quase meio século como cartunista rendeu a Gilbert Shelton um lugar entre os pioneiros das HQs underground e também caixas e caixas de material inédito. Elas o acompanham desde Nova York, onde, em 1962, publicou os primeiros desenhos como profissional, e ganharam volume em Paris, cidade em que se instalou há 25 anos com a mulher, a agente literária Lora Fountain.
Nos últimos tempos, Shelton andou revendo o conteúdo. Imagina ter material suficiente para um livro autobiográfico, que intercale histórias curiosas e ilustrações - uma espécie de caderno de recortes, como define -, mas ainda não falou sobre a ideia com os editores. "Acho que pode ser interessante", avalia, antes de uma breve pausa. "Mas não sei. Talvez as pessoas achem entediante."
Difícil acreditar na segunda hipótese. Trata-se, afinal, do pai de Fat Freddy, Phineas e Freewheelin’ Franklin, trio de maconheiros que resumiu, nas histórias de Fabulous Furry Freak Brothers, a psicodelia e o desbunde reinantes entre a juventude mais avançadinha dos anos 60 e 70. Acontece que Shelton sempre fez questão de negar a crença pública de que seus personagens mais conhecidos refletissem seu estilo de vida. Nada que o cartunista tenha contra a maconha, mas ele costuma argumentar que, se a consumisse na mesma quantidade dos personagens, não estaria em condições de contar a história. E, bem, ele chegou em maio último aos 70 anos e continua na ativa, ainda que num ritmo de trabalho bem menor que nos áureos tempos.
No próximo dia 3, o artista desembarca no Brasil com a mulher e o casal Aline e Robert Crumb para um temporada de seis dias em Paraty. Ao lado do amigo e criador dos célebres Fritz the Cat e Mr. Natural, participará daquela que é uma das mesas mais concorridas da oitava edição da Flip, no dia 6. "Vi na televisão um documentário sobre Paraty, então agora sei como é a cidade, uma coisa colonial", diz Shelton em conversa por telefone com o Sabático, a fala tão pausada que por vezes dá a impressão de ter concluído o raciocínio quando, na verdade, está apenas pensando na melhor palavra a usar em seguida. "A arquitetura antiga me lembrou muito as construções espanholas do México."
Ao contrário de Crumb, que vive entocado com a mulher numa vila no sul da França, Shelton gosta de viajar. Nasceu no Texas, passou a juventude em Nova York, morou por em Barcelona de 1980 a 1981 e voltou para a Califórnia antes de se mudar de vez para Paris. Não porque rejeitasse a violência dos Estados Unidos e o conservadorismo da sociedade americana, como Crumb, mas por questões profissionais. "Achei que viajaria mais, mas começamos a nos envolver em muitos projetos em Paris. Especialmente Lora", diz, sobre a mulher, que abriu por lá uma agência literária e hoje tem entre seus clientes a família Crumb - a filha do casal de cartunistas, Sophie Crumb, também enveredou para os quadrinhos e terá um livro publicado em novembro.

Ironia.

Shelton e Crumb se conheceram em 1969, em Nova York, quando ambos já tinham criado alguns de seus personagens mais famosos. O primeiro de Shelton, Wonder Wart-Hog, paródia do Super-Homem, apareceu numa publicação juvenil em 1962, mas só seis anos depois os Freak Brothers o colocariam entre os grandes do gênero. Naquele mesmo ano, em 1968, Crumb, já conhecido por Friz the Cat, reuniria artistas da contracultura no primeiro número da revista Zap Comix. Por ter alcançado a fama depois do amigo, apesar de ser três anos mais velho, o texano diz se sentir um "protégé" de Robert Crumb. "Ainda me impressiono com o estilo dele. É difícil dizer. Nós dois temos as mesmas influências, mas ele é diferente porque... Ele desenha tanto. É muito melhor que eu. É como estudar um idioma ou uma música. Quanto mais você pratica, melhor você é."
E Shelton não gosta muito de praticar. Em 1974, já com bom status como criador de tiras e livros de quadrinhos, resolveu que precisava de ajuda e convidou o artista e escritor Dave Sheridan para trabalhar com ele nos livros que saíam por sua própria editora de fundo de garagem, a Rip Off Press. Desde então, contou com parceiros como Paul Mavrides e Gerhard Seyfried, com quem passou a intercalar criação de roteiros e ilustrações.
Por quê? Porque ilustrar, explica o pai dos Freak Brothers, não é algo que goste tanto de fazer. "Não sou prolífico, em especial na comparação com o Crumb, que é um desenhista compulsivo. Eu trabalho em projetos específicos. Tenho mais interesse em contar boas histórias, piadas. Desenhar não é meu ponto forte." Com as parcerias, sentiu o trabalho fluir mais rápido, o que lhe deu liberdade para focar mais nos roteiros. A avaliação dele é a de que a história importa mais que a ilustração numa tira. "Se você tiver uma boa história e um desenho ruim, a tira será boa. Mas, se a história não for boa, não haverá arte que a segure."
Seja como for, Shelton sabe dizer muito com pouco. Enquanto os quadrinhos underground eram combatidos pelos defensores da ordem e dos bons costumes, o artista resumiu em um cartum todo o preconceito com o qual seu trabalho era visto. Numa imagem de página inteira, os três Freak Brothers apareciam numa cama com uma mulher nua, cercados de drogas, bebidas, armas e pôsteres com dizeres na linha "Fuja do alistamento" e "Trepe pela paz". Deitada, a mulher dizia: "Uau! Isso foi muito louco! Vamos ler mais umas revistas e começar de novo!!" - uma ironia escrachada contra a ideia de que HQs desvirtuavam os jovens. "Qualquer assunto pode ser bom, o difícil é tirar uma boa história dele. O tema central é menos importante que os detalhes de uma história. Em geral, a grande sacada está escondida sob a superfície da trama. Em HQ, é preciso fazer mais ou menos o que faz um dramaturgo numa peça, colocar os leitores ou o público dentro da história, suspender a descrença deles no que está sendo mostrado e fazê-los entrar no espírito da coisa."
A autobiografia que boa parte de seus contemporâneos explorou nos quadrinhos ele diz ver nas suas histórias só naquele ponto em que "toda ficção inclui algo de autobiográfico". No caso dos Freak Brothers, afirma: "Se houver alguma semelhança comigo, está muito bem escondida." No fundo, ele se identifica mais é com o quarto personagem da história, o gato de Fat Freddy. O bichano, que apareceu numa tira do trio em 1969, ganhou pouco tempo depois vida e tiras próprias, o Fat Freddy’s Cat. "Talvez eu seja um pouco como os três, mas, vá lá, pareço mais com o gato, que é o mais inteligente deles."

Rock’n’roll.

Embora ainda faça de tempos em tempos histórias dos Freak Brothers e do Fat Freddy’s Cat, o cartunista tem se dedicado mais, nos últimos anos, às aventuras do Not Quite Dead, sobre a banda de rock de menos sucesso no mundo. A série foi criada em 1992 e o livro mais recente de um total de quatro, Last Gig in Shnagrlig, saiu na França em 2009. Ainda não há nenhuma previsão de que seja editada no Brasil. "Preciso falar com meu editor brasileiro", diz Shelton, ao ser informado do fato. "Vou avisar à minha agente, que é minha mulher. Ela ficou muito ocupada com o Gênesis do Crumb e me esqueceu", graceja. A Conrad, que entre 2004 e 2005 publicou dois volumes do Fabulous Furry Freak Brothers, com tradução de Alexandre Matias, afirma que as edições atuais ainda não se esgotaram e que espera vender os exemplares ainda em estoque durante a Flip.
Outro projeto no qual ele se vê envolvido desde 2003 empacou. Naquele ano, a produtora inglesa Bolexbrothers entrou em contato para transformar uma das histórias dos Freak Brothers numa animação em stop-motion, com bonecos de massinha. O filme leva o nome de uma das aventuras criadas por Shelton para os personagens, Grass Roots, e foi roteirizado por Paul Davis. Na trama, Fat Freddy, Phineas e Freewheelin’ se veem envolvidos com colheitas de maconha geneticamente modificadas, plantadas pelo governo. Um piloto do longa pode ser visto no site www.grassrootsthemovie.com, mas é tudo o que existe de material filmado. "Eles não conseguem dinheiro", explica o cartunista, que participou apenas como consultor. Uma das estratégias para reunir os US$ 10 milhões que viabilizariam a obra é o que a produtora chama de "fundo de frame". O site explica: "Se você quer que seu nome apareça no filme, compre um frame. Doze frames farão seu nome aparecer por meio segundo, o que deve ser visível a olho nu."

Um terço dos deputados estaduais da Região Sudeste é milionário

Estadão
Levantamento com base em dados da Justiça Eleitoral de São Paulo, Minas, Rio e Espírito Santo mostra que dos 264 integrantes das Assembleias Estaduais que disputam as eleições deste ano 94 declararam patrimônio acima de R$ 1 milhão

Do Blog: nada contra a pessoa ficar milionária mas em caso de político deveria haver uma investigação de renda para ver se o político justifica o enriquecimento. Hoje o político enriquece muito fácil. Sem comentar que geralmente não trabalham, passam a maior parte da semana cuidando de seus negócios e indo muito pouco cuidar da fiscalização e da legislação da cidade ou estado que paga seu salário.

quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ops, de onde veio isso?

Revista Veja
A possibilidade de que Antonio estivesse se referindo à sigla OPS – que designa tanto a Organização Panamericana de Saúde quanto, no jargão econômico de Portugal, uma oferta pública de subscrição (de ações) – não resistiu à releitura de sua mensagem: em ambos os casos, OPS está longe de ser uma sigla tão difundida assim.

Restou o ops nosso de cada dia, este sim de uso frequente, embora mais comum na linguagem oral do que na escrita. Não se trata de uma “abreviatura”, como diz Antonio, mas de uma interjeição que traduz surpresa diante de uma gafe ou acidente de pequena monta, servindo ao mesmo tempo como alívio cômico e pedido de desculpas: “Ops, foi mal”.

Os principais dicionários brasileiros, Houaiss e Aurélio, não dão a ops – ops! – a honra de um registro. Provavelmente porque estamos diante de uma interjeição de sucesso relativamente recente entre nós, não abonada pelos autores clássicos.
Felizmente, o “Dicionário de usos do português do Brasil”, de Francisco S. Borba, não está tão preocupado com autores clássicos e garimpa verbetes na língua que se fala hoje, inclusive na imprensa. O resultado é que ops está lá: “Interjeição usada antes de se corrigir um engano ou quando se comete um engano”.
Borba não chega a tanto, mas eu acrescento que há duas formas de compreender o surgimento de ops: como evolução meio cômica da forma tradicional “opa” (que exprime surpresa, admiração ou indignação, segundo o Houaiss) ou – o que é mais provável – como adaptação do inglês oops, interjeição registrada desde os anos 1930 e há muito “oficializada” pelo dicionário Oxford com o mesmo sentido de exclamação diante de um erro ou trapalhada.

Entrevista: Ferreira Gullar, 80 anos

Revista Veja - Maria Carolina Maia

Com a morte do mineiro Carlos Drummond de Andrade (1902-1987) e do pernambucano João Cabral de Melo Neto (1920-1999), a coroa da poesia nacional voou, sem escalas, para a cabeça do maranhense Ferreira Gullar - posição reforçada pela recente conquista do Prêmio Camões, principal distinção dada a escritores de língua portuguesa. Ainda que pouco afeito a vestes institucionais, ele não teve como evitá-lo, e assumiu com consciência a responsabilidade. “É por isso que eu publico pouco. Não posso escrever besteira.” O que o poeta fala se explica em números. No mês em que completa 80 anos, setembro próximo, ele lança pela José Olympio, editora que detém a exclusividade da sua poesia, Em Alguma Parte Alguma. Será seu primeiro livro após Muitas Vozes, de 1999, que por sua vez chegou 12 anos depois de seu antecessor, Barulhos. Mas o livro não vem sozinho. Chega acompanhado da peça O Homem como Invenção de si Mesmo, que marca o retorno de Gullar ao gênero teatral após 30 anos, e deve entrar em cartaz em São Paulo ainda em 2010. Foi sobre a peça, o livro – de que leu dois poemas com exclusividade a VEJA.com–, a política e a vida que o poeta falou na entrevista a seguir.


Qual o tema principal de Em Alguma Parte Alguma?
O livro tem três partes sem nome, que podem ser separadas pelo conteúdo. Uma delas fala do cosmos, do problema da galáxia e da Terra e da vida e da luz, uma série de coisas. Outra tem poemas mais ligados ao meu livro anterior, como um sobre (José Maria) Rilke e a morte, que é um texto longo. A terceira parte tem um jogo entre a ordem e a desordem. Esse é um dos temas básicos do livro. Vários poemas tratam disso. A linguagem é ordem. Fora da linguagem, a emoção e a vivência são desordem, porque ainda não estão organizadas em linguagem. A poesia se realiza num jogo dialético entre a ordem e a desordem. O título do poema que abre o livro já diz tudo, Fica o não dito por dito. Não tem a expressão “Fica o dito por não dito”? O título do poema é o contrário. Porque a poesia a gente não consegue dizer, o poeta tenta dizer o que não é possível. Então, faz de conta que eu disse (risos).

E a peça O Homem como Invenção de si Mesmo, do que trata?
Essa peça (risos) é uma teoria (ele diz “tioria”). Eu, ao longo dos anos, cheguei à conclusão de que a vida é uma coisa inventada. Que nós inventamos a nossa vida e nos inventamos. Cada pessoa se inventa. O cara se inventa poeta, se inventa pintor, se inventa músico, se inventa como qualquer pessoa comum do mundo, porque, quando nascemos, não somos ninguém, não temos nem nome. É a cultura que vai nos formando, e a sociedade toda é uma invenção, uma coisa criada. Os valores, a religião, a ciência são coisas inventadas, não são coisas da natureza. Nós somos natureza, nosso corpo é natureza, mas nós vivemos no mundo da cultura. São valores que nos constituem. Como não sou filósofo, não iria escrever um tratado para mostrar minha teoria, entendeu? Então, resolvi escrever uma peça, um monólogo engraçado em que essa teoria é exposta.

O senhor tem algum ator em mente para o papel?
Não. Não sou eu que estou fazendo a montagem. O Robson Phoenix, o diretor, é que vai escolher o ator e produzir a peça.

Segundo a sua teoria, todo mundo se inventa. Por que, então, há quem queira se inventar poeta e não consiga? (Risos.) Todo mundo se inventa, mas não é gratuito. É preciso ter as qualidades para o papel que nos inventamos. Se o cara se inventa filósofo, é porque quer e porque descobre dentro dele que é capaz de ser isso. É uma mistura de acaso e de vontade, mas também de necessidade. Isso é um aspecto. O outro aspecto é o seguinte: a invenção que você quer fazer de você mesmo tem que ter o reconhecimento do outro. Se você diz que é músico, mas o que compõe não é bom, você não consegue se inventar como músico.

O senhor alguma vez teve medo de não conseguir se inventar poeta?
Não. Cada pessoa, cada personagem tem um modo de se conceber e de se inventar. Eu confesso a você que nunca planejei ser poeta. Eu fui descobrindo que podia ser isso aos poucos. Na escola, quando fiz uma redação que a professora achou legal, descobri que podia ser escritor. Aí, comecei a ler gramática, porque precisava saber escrever corretamente. Eu fui me preparando, certo de que eu ia ter de batalhar muito para fazer uma boa poesia. Eu queria fazer o melhor possível.

O senhor procurou a opinião de poetas mais experientes?
Não. Eu tive mestres como Rilke, um dos poetas que me revelaram o que deve ser a poesia. Meus mestres foram Rilke, Drummond, Murilo Mendes, Rimbaud, Mallarmé, Jorge Luís Borges.

É curioso o senhor citar Borges, porque ele tem um posicionamento político diferente do seu. Isso significa que o senhor separa as coisas.
Ah, é evidente, imagina... Não tem nada que ver. Ele é um extraordinário escritor. Agora, tem de entender melhor o Borges também, porque o pessoal tem mania de botar as pessoas em categorias: esquerda, direita, revolucionário, reacionário. Isso eu vejo hoje com certa reserva. O que importa é que Borges era um baita de um escritor, um homem de uma riqueza imaginária, uma poética extraordinária. Estou pouco ligando se ele era de direita ou de esquerda.

E, atualmente, a oposição direita x esquerda parece ter perdido o sentido.
Pois é. Imagina, o (Hugo) Chávez é de esquerda, mas o ídolo dele é o (Mahmoud) Ahmadinejad (governante do Irã). O Lula é de esquerda, mas vive de braço dado com o Ahmadinejad, também. Aquilo ali é uma ditadura teocrática, uma das coisas mais reacionárias do mundo. As coisas são complexas. O erro é querer definir tudo com essas expressões - direita, esquerda -, porque são esquemáticas e não levam em conta a riqueza e a complexidade da vida real.

Como o senhor define a sua posição política hoje?
Sou uma pessoa a favor da democracia e querendo que o seu país se torne cada dia mais uma sociedade menos injusta e menos desigual. Que nome isso tem não me interessa. Eu não me considero marxista. Acho que o marxismo foi uma visão de mundo muito importante durante o século XIX. Ali, ele foi de fato necessário. As pessoas com senso de justiça tinham de se revoltar contra um capitalismo selvagem, em que as pessoas não tinham direito a nada, em que as crianças eram retiradas dos orfanatos e transformadas em verdadeiros escravos dentro das fábricas. E o cara envelhecia trabalhando e morria na sarjeta, porque não existia aposentadoria. E o expediente de trabalho podia ter 12, 13, 15 horas. O marxismo contribuiu para acabar com isso, e ajudou a classe operária a conquistar a jornada de trabalho de 8 horas, a aposentadoria e os direitos. Isso é uma coisa. Agora, a sociedade futura com a ditadura do proletariado está furada.

O senhor é amigo do José Sarney. Vocês chegaram a conversar por ocasião dos escândalos do Senado, quando ele quase caiu?
Eu sou amigo de juventude de José Sarney. Fizemos revistas literárias em São Luís do Maranhão, ele fazia uma e eu, outra, com outro amigo. Mantivemos a amizade, mas raramente conversamos. Nossa relação é assim: ele publica um livro e me manda, eu dou opinião, trocamos ideias e cartas. Eu não vou me meter em questão política. Mas reconheço que o Sarney fez uma porção de coisas. Acho que o pessoal demoniza o Sarney. Tenho que admitir que o Sarney salvou São Luís. Mesmo com o crescimento da economia em torno, a cidade, que é colonial, teve seu casario preservado.

Por falar em São Luís, de que maneira a cidade ecoa na sua poesia?
São Luís está presente em tudo. Eu sou produto, sou filho de São Luís. Na minha poesia, na minha voz e no meu sangue correm as coisas da cidade. O rumor das copas, a luz grossa das manhãs de São Luís, tudo o que eu vivi lá. Eu tenho um livro chamado Muitas Vozes, em que tem um poema de mesmo nome. Eu estou cheio dessas vozes. Se eu não tivesse nascido em São Luís, eu seria outra pessoa.

Alguns autores dizem que escrever é um processo doloroso. Para o senhor, também dói?
Isso é mentira. Não é doloroso. Eu escrevo por prazer, ninguém me manda escrever. Muitas vezes, escrevo uma coisa a partir de uma dor muito grande. Mas não é o escrever que provoca a dor. Pelo contrário. No momento em que eu transformo aquilo em poesia, eu estou realizando a alquimia que transforma a dor em alegria estética. É o contrário. (T. S.) Eliott, o grande poeta anglo-americano, diz, “Eu escrevo para me livrar da emoção”.

É uma forma de catarse?
De algum modo, é. Mas eu escrevo porque a vida é pouca. Escrevo para criar beleza, para dar à vida algo que ela não tem. Algo de que naquele momento ela está carente. É por isso que a gente escreve. E não adianta eu ter escrito o Poema Sujo anteontem. Eu estou triste agora e preciso escrever outro poema porque o Poema Sujo já está escrito. Não me socorre mais. Neste ponto de vista de reinventar a vida, ele já era. Ele me ajudou a reinventar a vida em Buenos Aires, em 1975 (quando Gullar estava no exílio). Do ponto de vista do autor, acabou, passou. O que me socorre agora é o novo, o que vai nascer agora. O que me socorre é o processo da escrita.

Como nascem os poemas?
A poesia nasce do espanto. Nasce quando eu estou na sala, me levanto para atender ao telefone e o osso do fêmur bate no da bacia. Eu desligo o telefone e penso, mas que é isso, um osso batendo dentro de mim? É assim que nasce um poema. Aliás, nasceu, está no novo livro. O poema se chama Acidente na sala.

Depois do Prêmio Camões, cresceu o interesse da Academia Brasileira de Letras (ABL) de tê-lo entre seus membros. O senhor pensa em se candidatar?
Eu tenho amigos na academia e freqüentemente esse ou aquele vivo fala para eu me candidatar. Eu não sei o que dizer, é complicado, porque ficar dizendo “não” é chato. Mas o que eu posso falar? Eu não tenho o desejo de ser imortal. Certas pessoas, como eu, não têm um espírito institucional, uma vontade de pertencer a instituições.

E o senhor deseja se tornar um imortal dentro da cultura brasileira?
(Risos.) Eu, pessoalmente, acho que o sentido da vida é outro. O outro. Nós vivemos para o outro, e fazemos as coisas para o outro. É ele que carrega no colo o que nós possivelmente cheguemos a criar. Se a minha poesia toca as pessoas, elas vão guardá-la, preservá-la e passá-la adiante. Se ela não comunica, não comove, ela desaparece. Entendeu? Eu vou desaparecer. Na hora em que morrer, eu nunca existi. Shakespeare, Drummond, eles existiram, e hoje existem para nós. Somos nós que os carregamos e de certo modo damos vida a eles. Eles vivem em nós, através de nós, que assistimos às suas peças e lemos os seus poemas. Eu tenho um poema que diz assim, “Os mortos veem o mundo pelos olhos dos vivos”, porque estava na praia e me lembrei do meu filho, que ficava passeando na areia. Mas ele estava ali, dentro de mim. Então, pensei que ele estivesse vendo através de mim. (Marcos, seu filho mais novo, morreu em 1990.)
Você teve uma sensação semelhante quando escreveu o poema Morte de Clarice Lispector?
Eu tinha acabado de saber da notícia e tinha um compromisso em São Paulo, precisava passar de táxi na casa de uma pessoa, para pegá-la, e ir ao aeroporto. Era uma manhã linda, iluminada, as árvores balançavam na brisa. E ela tinha acabado de morrer. Então, era uma coisa assim, a natureza estava se lixando (risos). Mas a vida é isso mesmo, e ela estava viva em mim, eu estava carregando ela comigo ali, naquele momento.

Quem o senhor lê hoje?
Hoje, eu mais releio do que leio. Eu releio meus poetas e romancistas prediletos. Muitos livros, pego ao acaso. Eu não sou sistemático. Outro dia, comprei na banca um CD de uma série lançada pela Folha sobre música popular brasileira. Era um disco do Noel Rosa, que eu botei no meu carro e fiquei ouvindo. É lindo. Eu me maravilhei, e eu conheço o Noel Rosa de trás para adiante. Mas, depois de algum tempo sem ouvir, fiquei maravilhado. Que beleza, que talento extraordinário, que humor, que inteligência. Aí, eu descobri que eu tinha em casa um livro que foi publicado há uns dez anos pelo João Máximo junto com Carlos Didier, sobre a vida do Noel. Eu já tinha lido por alto alguns capítulos, mas, como eu estou sempre ocupado com tanta coisa, não me detive nele. Agora, estou lendo vagarosamente. É um livro substancioso. Conta tudo sobre ele, sobre a Vila Isabel. É uma maravilha. Eu estou envolvido naquilo. Veja bem, eu não planejei, foi por acaso, mas eu estou lendo esse livro e curtindo a vida do Noel Rosa e as maluquices que ele fazia e a relação dele com uma enorme quantidade de compositores e artistas como Ismael Silva e Francisco Alves, o grande intérprete da época, que era um espertalhão da época – ele se apropriava da criação dos caras de quem só aceitava gravar composições se figurasse como autor. Então, eu estou lendo esse livro. Mas ao mesmo tempo leio outros. Releio João Cabral, Drummond, Rilke.

Rilke é uma citação freqüente sua. Ele foi um dos seus mestres?
Ah, foi. Ele foi um dos poetas que me revelaram o que deve ser a poesia foi ele. Houve outros, como Drummond, Murilo Mendes, Rimbaud, Mallarmé, Jorge Luís Borges. Quando eu era garoto, eu tinha de ler para aprender as coisas, certo? Eu dizia, preciso ler a Odisseia, a Divina Comédia. Eu tinha de ler para conhecer. Hoje, não tenho mais essa obrigação, leio o que me dá vontade.

No Festival da Mantiqueira, em São Francisco Xavier, uma garota lhe entregou o livro dela, na esperança de ter a sua opinião. O senhor procura dar retorno aos poetas iniciantes que o procuram?
Eu, em geral, digo logo que prefiro não fazer isso. Pode me dar, eu leio, e, se eu quiser opinar, eu opino. Não gosto de me comprometer a opinar porque, se eu não gostar, como fica? A experiência que eu tenho de dar opinião contrária é muito ruim. Algumas pessoas aceitam, outras ficam revoltadas. Eu já quase fui agredido por causa disso. A sorte é que estava falando com o cara por telefone. Ele não podia me bater, mas me insultou (risos). Eu não vou dizer que eu gosto de uma coisa que eu não gosto. Eu não vou fazer isso de maneira alguma, até porque não vou estar ajudando a pessoa. Mas, quando eu gosto, fico muito contente e em geral escrevo para o poeta, uma cartinha ou e-mail. Porque descobrir um novo poeta é uma coisa que me dá muita alegria.

Então, os autores que o procuram podem entender o seu silêncio como uma resposta.
Mas eu não quero mesmo ter essa tarefa. Não é a minha função ficar dizendo para as pessoas se está bom ou ruim, certo ou errado. Eu não quero assumir essa responsabilidade. Então, quando me pedem, eu leio, mas não me comprometo a dar opinião. Só dou quando gosto. Às vezes, é uma mocinha, que está soando em ser poeta e me entrega o poema dela com toda a simpatia, com toda a confiança, tal, e eu vou ter de dizer que não é bom? Quando tem alguma qualidade, tudo bem, você pode dizer algo. Como quando eu vejo que a pessoa é um poeta, mas ainda não sabe fazer, ótimo, eu digo, vai fazendo. Mas e quando eu vejo que a pessoa não vai conseguir? Porque, com a experiência que eu tenho, fica evidente que a pessoa jamais vai ser poeta. Ela não nasceu com essa qualidade.

O que distingue o poeta do não-poeta?
Ah, isso eu não sei dizer. É pelo feeling que você percebe se é ou não é. Você vê pela maneira como o cara lida com as palavras. O modo de tratar as palavras de um poeta não é igual à maneira de tratar as palavras de um jornalista, de um escriturário. Um jornalista escreve bem, mas o modo de tratar a palavra que ele tem não é o que tem o poeta. É outra maneira. Isso você percebe quando o poema está bem escrito, mas não é poesia. Aquela não é a maneira de tratar a linguagem. É claro que não é uma questão puramente de linguagem. A linguagem é um instrumento. Ali, há uma relação entre a linguagem e a visão de mundo, a sensibilidade. É toda uma maneira de ver a realidade. Ser poeta é ter uma atitude específica diante do mundo que não é a do filósofo, não é a do cientista. O poeta não é filósofo. A filosofia é diferente da poesia, ela tem um sistema, ela quer buscar coerência etc. etc. O cientista quer a verdade comprovada, é outra coisa. O poeta, não. Ele não quer ser coerente e, se for, ele não está preocupado com isso. Ele vive de descobertas e de espantos a cada momento. O poeta não cria sistemas. O poema que ele faz hoje não precisa ser coerente com o poema que ele fez há um ano. Ele não tem esse tipo de preocupação ou de compromisso. Ele também não tem por objetivo explicar o mundo e, ao mesmo tempo, ele tem liberdade para descobrir um mundo que o cientista e o filósofo não veem. Ele está a fim de revelar para as pessoas o seu espanto, o mistério e a beleza da vida, o que ela tem de incompreensível, de transcendente e de inexplicável. É claro que eu não vou buscar todas essas coisas no poema que um jovem me pede para ler. O que importa é que o modo do poeta se relacionar com as palavras é outro. Isso eu não sei explicar, mas eu sinto quando um cara tem um relacionamento com as palavras – e com o pensamento, consequentemente – que é próprio do poeta. Eu posso me enganar também, evidentemente, mas eu suponho perceber isso. E raramente me engano.

Satélite aponta redução de 47% no desmate da Amazônia

Folha Online
Dados de satélite sinalizam que o desmatamento na Amazônia pode ter uma redução grande neste ano. Entre agosto de 2009 e maio de 2010, 1.567 km2 foram desmatados --uma redução de 47% em comparação com o período 2008/2009 (2.960 km2).
Esses números do Deter, o sistema de detecção em tempo real do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), porém, não são completos.
Têm de ser confirmados pelo Prodes, o sistema mais preciso usado pelos pesquisadores do instituto.
Por não ser em tempo real, porém, o Prodes não aponta com agilidade novos focos de desmatamento para o Ibama. Ainda tem dados de 2010.
O Deter, mesmo sendo ágil, sofre com a cobertura de nuvens (o Prodes fotografa só durante a seca), que varia mês a mês, barrando a visão dos satélites e tornando difícil estabelecer boas tendências de desmatamento. Nos últimos meses, Estados campeões de desmate, como o Pará, estavam encobertos.
Os números acima também não incluem junho e julho, em que tradicionalmente se desmata muito. Além disso, há um limitação de resolução do Deter, que só identifica desmates maiores do que 25 hectares (o Prodes vê áreas de até seis).
Segundo Dalton Valeriano, que coordena os dois programas dentro do Inpe, como a proporção de desmatamentos grandes está diminuindo na Amazônia, é natural que os números do Deter encolham. Afirmar que o país está desmatando menos ainda é mera "especulação", diz.
"Hoje, o desmatamento pequeno representa até 60% do total. É muito mais fácil fiscalizar os grandes."
Em 2009, o Deter apontou cerca de 3 mil km2 de desmatamento na Amazônia. O Prodes encontrou 7.500 km2.

59% dos brasileiros acreditam em Deus e também em Darwin

Folha On line
Ao investigar as convicções sobre o desenvolvimento da espécie humana, pesquisa Datafolha mostrou que a maioria crê em Deus e em Darwin. Para 59%, o homem resulta de milhões de anos de evolução, mas guiada por um ente supremo, informa reportagem de Hélio Schwartsman publicada nesta sexta-feira pela Folha (íntegra disponível para assinantes do UOL e do jornal).
Um em cada quatro brasileiros, porém, acredita que o ser humano foi criado por Deus há menos de 10 mil anos. Para 8%, a evolução se dá sem interferência divina.
Os índices variam segundo a classe social e a educação. Quanto maiores a renda e a instrução, maior é a parcela de darwinistas e menor a de criacionistas, que dão mais peso à ação divina.
Os resultados se assemelham aos da Europa e contrastam com os dos EUA. Segundo pesquisa Gallup de 2008, lá os criacionistas somam 44%. Os evolucionistas com Deus, 36%, e os darwinistas "puros", 14%.
O Datafolha ouviu 4.158 pessoas com mais de 16 anos. A margem de erro é de dois pontos.

Maioria dos cientistas já testemunhou abuso ético

Folha On line
A maioria dos cientistas já testemunhou ou se envolveu em casos de infração científica como falsificação de dados ou plágio. É isso que revela um estudo inédito conduzido pelo Simmons College, dos Estados Unidos.
De um total de 2.599 cientistas americanos e canadenses com pesquisas financiadas pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH, na sigla em inglês), 84% disseram já ter presenciado ou participado de infrações científicas.
Dentre os cientistas que participaram direta ou indiretamente de um trabalho com dados fraudulentos, 63% disseram ter tentado intervir para evitar o abuso.
As informações, coletadas por meio de um questionário enviado por e-mail aos cientistas, respondido anonimamente, estão na edição desta quinta-feira (22) da revista "Nature".

DE CIMA PRA BAIXO

"Na maioria dos casos relatados, as infrações de dados foram conduzidas por um chefe [orientador ou coordenador de pesquisa]. Isso torna difícil uma intervenção por parte dos pesquisadores", disse à Folha Gerald Koocher, um dos coordenadores da pesquisa.
Ele explica que as intervenções são mais fáceis para cientistas distantes do infrator do que para quem está no mesmo laboratório.
"Em 61 casos, não houve intervenção diante de um erro porque o cientista era um amigo", conta Koocher.
No topo da lista de infrações cometidas pelos cientistas, estão fabricação ou falsificação de dados, falsa co-autoria de artigo e plágio.

SOLUÇÕES

Segundo Koocher, as estatísticas encontradas nos EUA podem ser generalizadas para Brasil, Austrália e alguns países da Europa que, na opinião dele, possuem uma "cultura científica bastante semelhante".
Com base na pesquisa, os autores criaram uma espécie de guia de 60 páginas que traz sugestões para os cientistas saberem o que fazer diante de uma pesquisa com dados fraudulentos (www.ethicsresearch.com).
"Mas o guia não faz rodeios e reconhece que nem sempre os pesquisadores conseguirão tomar uma atitude diante de um erro científico", revela o autor.
A ideia de estudar infrações científicas foi do governo americano, para tentar mapear erros em dados científicos. "Sabemos que os pesquisadores, especialmente nos grandes estudos, podem não checar números e não repetem os estudos", conta.
Ainda podemos confiar na ciência? Koocher acredita que sim. "A maioria dos cientistas é honesta. Nós temos dados positivos e precisamos descobrir como fazer para melhorar a integridade dos cientistas", finaliza.

Deputado alemão quer que gordos paguem imposto adicional

Folha On line
Os gordos deveriam pagar um imposto para compensar os gastos de saúde resultantes de sua excessiva carga corporal, afirmou um deputado alemão em entrevista publicada nesta quinta-feira.
"É preciso discutir se os imensos custos resultantes, por exemplo, de uma alimentação excessiva devem ser assumidos a longo prazo pelo sistema de saúde", afirmou ao jornal "Bild" o deputado Marco Wanderwitz, do Partido Cristão-Democrata (CDU), da chanceler Angela Merkel.
"Eu considerado razoável que quem tem voluntariamente uma vida pouco saudável deve assumir a responsabilidade financeira dela", acrescentou Wanderwitz, 34, dirigente das juventudes cristão-democratas.

Do Blog: Os fumantes, os esportistas radicais, os prostituídos, os anoréxicos e os etecéteras também deveriam pagar mais impostos? Que nome se dá a este tipo de preconceito? Tem cada doido...