quinta-feira, 15 de julho de 2010

O governo das quatro creches por dia

Do Blog de Augusto Nunes - Revista Veja
Os eleitores seriam duplamente beneficiados se os jornalistas parassem de reescrever as declarações de Dilma Rousseff e usassem esse tempo para examinar com mais atenção o que a candidata promete. Caso a imprensa lhes faça tal gentileza, milhões de brasileiros saberão que a sucessora que Lula inventou, além de expressar-se de modo ininteligível, não sabe o que diz. Se soubesse, não estaria prometendo construir 6 mil creches em quatro anos.
Uma creche para 100 crianças tem em média 600 metros quadrados, demora seis meses para ficar pronta e custa, no mínimo, R$ 300 mil. Tudo bem, Dilma talvez esteja convencida de que governar é construir creches. Faz de conta que decidiu concentrar na semeadura de unidades do gênero todas as verbas destinadas a investimentos públicos. Ainda assim, restariam problemas de bom tamanho.
Para cumprir a promessa, Dilma teria de inaugurar 1.500 creches por ano. São 135 por mês. Mais de quatro por dia. Qual será o segredo do milagre? Os repórteres que acompanham a candidata precisam convidá-la com urgência a desvendar o enigma. Não vale dizer que, do mesmo modo que rubricou o que mandaram rubricar, só está repetindo um número fixado por outros. Dilma jura que é economista. Deve saber que dois mais dois não somam cinco nem no Brasil do faz-de-conta que Lula criou.
Do Blog: tento não usar este espaço para politicagem, não era o objetivo original, mas não posso deixar passar este absurdo, que é verdade, procurem nos jornais, de mentiras rasteiras para iludir um povo já iludido por tantos governos mentirosos que tiram proveito da falta de informação do povo. Procuro nos outros candidatos, absurdos iguais mas não encontro. O que encontro são acusações que não são provadas e que não consigo comprovar, logo não publico. Este governo é especialista em mentiras.

EXIGÊNCIA DE DIPLOMA DE JORNALISMO FERE O ARTIGO 5º DA CONSTITUIÇÃO, O MAIS IMPORTANTE DELES

Por Reinaldo Azevedo - Revista Veja
Ah, o odor nauseabundo que emana do corporativismo bocó, mas muito eficaz em manter os próprios aparelhos e privilégios. No post abaixo, vocês lêem que uma comissão especial da Câmara aprovou a obrigatoriedade do diploma para jornalista. A proposta é inconstitucional. Já chego lá. Antes, algumas considerações.
O presidente da Federação Nacional dos Jornalistas, Sérgio Murilo, afirma que algumas pessoas que pediram registro de jornalista nunca pisaram numa redação. É mesmo? Se for assim, então elas já podem disputar a direção da Fenaj. Afinal, a maioria dos dirigentes sindicais não saberia a diferença entre um lead e uma touceira, não é mesmo?
À diferença do que sustentam alguns energúmenos, sou jornalista “depromado”. Até hoje, não há uma miserável coisa que eu tenha feito na minha profissão — e não posso reclamar da minha escolha — que me tenha sido dada ou ensinada pelo curso de jornalismo: NADA! ZERO! Já o curso de Letras, penso eu, foi essencial para mim — como é o de medicina, arquitetura, direito, culinária etc para outros jornalistas. Sempre destacando que há os que não cursaram coisa nenhuma e fazem um trabalho brilhante.
Jornalismo requer duas coisas, além de formação intelectual — que os cursos de jornalismo não fornecem porque passam boa parte do tempo ocupados em “desconstruir” os grandes veículos onde a meninada vai trabalhar depois… Jornalismo requer talento para a narrativa — mesmo a narrativa jornalística tem de ter noção de enredo — e um conjunto de procedimentos técnicos, alguns deles ligados à ética da profissão. É precisa de algo parecido com intuição, mas que é só questão de inteligência: saber onde está a notícia. Vale dizer: cedo ou tarde, um jornalista tem de ler A Cartuxa de Parma, de Stendhal — ou vai acabar tratando um evento histórico como buraco de rua. Quem ensina isso? A faculdade de jornalismo???
Talento, lamento!, não se ensina. No máximo, ele pode ser lapidado. Nem todo mundo tem aptidão para a pintura, a música ou a dança. Com o texto, é a mesma coisa. Há gente que não nasceu para viver da escrita — e um jornalista tem de saber escrever, o que a faculdade não ensina. A lapidação se dá no exercício. O que as faculdades têm feito, aí sim, é distorcer a profissão. As faculdades de jornalismo, com raras exceções, se transformaram em extensões do “partido”. Professores se dedicam mais a falar do “outro mundo possível” do que a ensinar como se faz um lead neste nosso muindinho imperfeito mesmo.
Qual, afinal, é o objeto de um curso de jornalismo? Economia? Política? Sociologia? Semiótica? O quê? Resposta: um pouco de tudo isso e nada disso, mas com muitas virgulas entre sujeito e predicado… Se a exigência do diploma já era, do ponto de vista democrático, estúpida, agora se tornou incompatível também com as modernas tecnologias a serviço da informação. Quem poderá impedir, sem violentar a Constituição, um veículo jornalístico de abrigar, por exemplo, um blogueiro que tenha o que dizer, seja ele jornalista “depromado” ou não? Vão plantar batatas para colher Imposto Sindical!!!
Que a Fenaj defenda essa excrescência, eis uma coisa que faz sentido. A entidade lutou arduamente pela criação do Conselho Federal de Jornalismo, que era um verdadeiro órgão de censura. Poderia até, imaginem!, cassar a licença de um jornalista. E se apresentou, espertos os caras!, para compor a primeira diretoria do órgão… O amor dessa gente pela profissão me comove. Contenho aqui uma furtiva lágrima…

Inconstitucional
Só para lembrar: o STF derrubou a exigência do diploma porque ele foi considerado incompatível com o princípio da liberdade de expressão assegurado pela Carta. No caso, tratava-se de uma lei que afrontava o dispositivo constitucional; agora, é uma emenda.
E a proposta não deixa de ser inconstitucional porque emenda — afinal, o Artigo 5º da Carta continua lá, a saber:
Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(…)
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado o anonimato;
(…)
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença;

Com alguma ironia, observo que, freqüentemente, tenho dúvidas se o jornalismo é mesmo uma “atividade intelectual”, mas tenho a certeza de que é uma “atividade de comunicação”. E não depende de “censura ou LICENÇA”.

Fim de papo.

*PS - Se a Constituição, agora, vai abrigar regulamentação de profissão, por que só jornalismo? E as outras? O Ministério do Trabalho tem um código específico até para a prostituição, destacando os, digamos, requisitos para tal atividade. Imagino a questão tratada naquele que deve ser o nosso documento com sentido de permanência, naquela linguagem decorosa do legalismo: “O exercício das atividades intrafemurais obedece aos princípios do… Sei lá: “do contratante da mão-de-obra”? A boçalidade brasileira é ainda mais extensa do que suas praias…

Serra e Marina repudiam violação da lei feita por Lula

Por Julia Duailibi e Roldão Arruda, no Estadão Online:
Os candidatos à Presidência da República pelo PSDB, José Serra, e pelo PV, Marina Silva, criticaram nesta quarta-feira, 14, as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que promoveu a candidata do PT, Dilma Rousseff, em evento oficial do governo federal.
Serra chegou a dizer que a adversária “não consegue andar com as próprias pernas” e que isso acontece “quando a candidatura é produto de marqueteiros, de marquetagem”. No lançamento do edital de licitação do trem-bala na terça-feira, 13, Lula elogiou a ex-ministra Dilma Rousseff.
Serra comentou os elogios de Lula ao deixar o encontro nacional da UGT (União Geral dos Trabalhadores) nesta quarta, em São Paulo.
O candidato do PSDB afirmou que tem andado pelo País “sem qualquer espécie de apoio governamental”. E questionou: “Por que não faz a mesma coisa?” O tucano disse ainda que a atitude do presidente Lula, de usar a máquina governamental para promover sua candidata, “fere um sentimento de Justiça”.

Exemplo
Para a candidata do PV, Marina Silva, o presidente Lula deveria ser o primeiro a dar o exemplo de respeito à legislação eleitoral. Para ela, que também participou do encontro da UGT, o fato de o presidente gozar de enorme popularidade não lhe dá o direito de atropelar a lei.
“O presidente, um homem que goza de alta credibilidade e popularidade e que tem carisma, não pode usar isso para extrapolar a legislação eleitoral. É preciso observar a legislação, porque o exemplo tem que vir do alto. Sou muito favorável à ideia de que quanto mais amigo do rei mais alta é a forca”, afirmou.
“Nós, que somos pessoas públicas, e eu digo isso como senadora, devemos ter total observância da lei. E não é pelo fato de ser mais ou menos aceito pela população, de ser mais carismático, que nos dá o direito de extrapolar a legislação eleitoral”, completou a candidata.

Editorial do Estadão intitulado “A transgressão consagrada”

Editorial do Jornal o Estado de São Paulo
Luiz Inácio Lula da Silva entrará para a história das eleições presidenciais brasileiras sob o Estado Democrático de Direito pela desfaçatez sem paralelo com que se conduz. Ele não apenas colocou os recursos de poder próprios do cargo que exerce à disposição de sua candidata — escolhida, de resto, por um ato de vontade imperial —, como ainda assume ostensivamente o abuso e disso se jacta.
A demolição das leis e das instituições destinadas a separar Estado, governo e campanhas políticas não se fez em um dia. Lula começou a pensar no segundo mandato, e a se guiar rigorosamente por essa meta, mal tirou a faixa recebida do antecessor em 1.º de janeiro de 2003 — se não antes. E começou a pensar no nome do sucessor, e a subordinar a administração federal aos seus cálculos eleitorais, tão logo descartou definitivamente, decerto ao concluir que se tratava de uma aventura de desfecho incerto, a possibilidade de um terceiro período no Planalto.
Depois que os dois grandes escândalos do lulismo — o mensalão e a perseguição a um caseiro — excluíram da lista dos presidenciáveis do presidente os cabeças de seu governo, José Dirceu e Antonio Palocci, a solitária decisão de lançar a candidatura da ministra Dilma Rousseff, com experiência zero em competições pelo voto popular, embutia uma consequência que só o seu patrono poderia barrar. Desde que, bem entendido, tivesse ele um mínimo de apreço pelos valores republicanos dos quais fala de boca cheia.
A consequência, evidentemente, era a conversão do Estado e do governo em materiais de construção da campanha dilmista — numa escala e com uma intensidade que talvez fossem menos extremadas se o candidato se chamasse Dirceu ou Palocci. Diga-se o que se queira deles, um e outro têm bagagem partidária e milhagem na rota das urnas bastantes para não depender, tanto quanto Dilma, do sistemático abuso de poder do chefe (ou, no caso dela, chefe e criador). Em outras palavras, a fragilidade eleitoral intrínseca da ex-ministra clamava pelo vale-tudo para ser neutralizada — e não seria Lula quem deixaria de fazê-lo.
Assim que ele bateu o martelo em seu favor, aflorou no mundo político e na imprensa a questão da transferência de votos. Seria o mais popular dos presidentes brasileiros capaz de eleger a candidata tida como um poste? Seria o seu formidável carisma suficiente para impedir que ela naufragasse por seus próprios méritos, por assim dizer? Perguntas pertinentes — e enganadoras. Do modo como foram formuladas, tendem a fazer crer que os eventuais efeitos, em 3 de outubro, do poder de persuasão de Lula independem da sua gana de atrelar o comando do Executivo aos seus interesses eleitorais.
É bem verdade que Lula chegou lá da primeira vez (na quarta tentativa) concorrendo pela oposição. Mas, em 2002, o desejo de mudança que ele encarnava provavelmente prevaleceria ainda que o então presidente Fernando Henrique, com a mesma falta de escrúpulos que o sucessor exibiria, transformasse o seu gabinete em quartel-general da campanha do candidato José Serra. Agora, chega a ser intrigante, nas análises políticas, a dissociação entre o uso da popularidade de Lula e a sua desmesurada desenvoltura em entrelaçá-lo com o abuso de sua posição.
Não foi por falta de aviso. Já não bastassem as transgressões que cometia ao carregar Dilma nos ombros presidenciais para cima e para baixo, ele anunciou no congresso do PT, em maio passado, que a sua prioridade este ano — como presidente da República — era eleger a sua protegida. Para quem tem a caradura de escarnecer tão desbragadamente do decoro político elementar, nada mais natural do que proclamar que sabe que transgride a lei e nem por isso deixará de transgredi-la.
Foi o que fez anteontem em um evento oficial na sede temporária do governo, numa dependência do Banco do Brasil. “Eu nem poderia falar o nome dela (Dilma) porque tem um processo eleitoral”, reconheceu, “mas a história (da alegada atuação da ministra no projeto do trem-bala) a gente também não pode esconder por causa de eleição.” Sob medida para os telejornais e o horário de propaganda.

Perto disso, que diferença fará uma multa a mais?