quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Nosso sistema é burro – precisamos de um outro

Por Denis Russo Burgierman

Imagine que tem dois cestos de frutas em cima de uma mesa. Um deles contém uma centena de maçãs vermelhas (é o da foto abaixo). O outro tem a mesma quantidade de frutas, mas elas são variadas: bananas, ameixas, peras, goiabas, melões, graviolas, mamões, cerejas. E maçãs. A pergunta é: qual dos dois cestos é o mais rico?

Do ponto de vista da biologia não há muitas dúvidas de que o mais rico é o segundo. A evolução, que é o motor da vida no planeta, favorece a diversidade. É assim que ela opera: criando mais e mais variações. Num ambiente rico – onde há muita energia e nutrientes – a diversidade será certamente imensa. É por isso que florestas tropicais têm tantas espécies. Pouca diversidade é sinal de crise, de carência de nutrientes, de pobreza.

Mas, desde a revolução industrial, a humanidade apostou no caminho oposto: o da supressão de diversidade. Isso porque, com menos opções, fica mais fácil padronizar processos e produzir em grande escala, reduzindo custos e aumentando margens de lucros.

Há sobre a Terra algo como 80.000 plantas comestíveis. Mas a humanidade usa apenas 30 delas para suprir 90% das calorias da dieta. Há pelo menos 1 milhão de espécies de animais, mas apenas 14 delas compõem 90% do nosso cardápio. Metade de todos os medicamentos que existem no mundo vêm de substâncias naturais e, ainda assim, só testamos 1% das plantas do mundo para determinar se elas têm potencial farmacêutico.

Pegue um hectare da Amazônia – o equivalente a um campo de futebol. Em média, nesse espacinho, há 200 espécies diferentes de árvores, 1.300 espécies de aves, 1.400 espécies de peixes, 300 espécies de mamíferos. Estou falando apenas de um hectare: no hectare ao lado as árvores, os peixes, as aves e os mamíferos são outros, muitas vezes completamente diferentes. Numa só planta amazônica, é possível encontrar até 80 espécies diferentes de formiga.

Até hoje, para explorar esse hectare, seguimos a lógica industrial: cortamos tudo, separamos as pouquíssimas espécies de madeira com valor comercial e queimamos o resto. No lugar, tentamos fazer com que haja uma espécie vegetal só – geralmente capim para alimentar uma única espécie animal, a vaca.

Interessante é que a estratégia de suprimir diversidade está presente em várias esferas do nosso sistema econômico, não só no uso da terra. Veja por exemplo as políticas de recursos humanos das grandes empresas. Lembro que fiz um curso de “gestão de pessoas”. O consultor de RH, supostamente um psicólogo, nos ensinou que só há quatro tipos de pessoas e que nosso trabalho como gestor é identificar de que tipo cada um na equipe é e tratá-lo propriamente.

Outro exemplo: a lógica de nossas cidades é pensar em deslocamentos de grandes grupos de pessoas. Para isso se criam linhas de ônibus e vias para carros. Mas não se leva em conta que pessoas diferentes gostam de se deslocar de formas diferentes, e não se abre espaço para alternativas. Cidades que têm grande diversidade de opções de transporte, como San Francisco e Copenhague, tendem a ter menos trânsito e um espaço urbano mais feliz.

O que estamos fazendo em todas essas esferas é a mesma coisa. Pegamos cestos cheios de frutas variadas, separamos as maçãs e jogamos o resto fora. É desperdício. É abrir mão da riqueza para viver com escassez. É pouco inteligente. Com o avanço tecnológico que alcançamos, em especial no que se refere às tecnologias da informação, poderíamos fazer melhor que isso. Poderíamos inventar um sistema que preserve a diversidade enquanto produz.

Excesso de José Dirceu - Diogo Mainardi

“No fim, Dirceu voltou a tratar da imprensa. Ele antecipou que pretende dizer o seguinte, quando Dilma estiver eleita: ‘Ó, não adiantou nada. Estamos aqui mais quatro anos’. Dirceu está certo. Ó, não adiantou nada”

O problema do Brasil é o excesso de liberdade da imprensa. Quem disse isso, em outras palavras, durante um encontro com sindicalistas baianos, foi José Dirceu. Eu digo o contrário. Eu digo que o problema do Brasil é o excesso de liberdade de José Dirceu.

Duas semanas atrás, em sua página no Twitter, Indio da Costa publicou uma fotografia que resume perfeitamente o excesso de liberdade de José Dirceu. Ele está no Rio de Janeiro, na pista do Aeroporto Santos Dumont, embarcando num jato particular, um Citation 10 com o prefixo PT-XIB. O excesso de liberdade da imprensa permite indagar quem sustenta o excesso de liberdade de José Dirceu.

O plano de José Dirceu para eliminar o problema do excesso de liberdade da imprensa tem duas partes. A primeira parte é a montagem de um sistema estatal que controle a atividade das empresas jornalísticas e que puna qualquer tentativa de fazer aquilo que ele chamou de “abuso do poder de informar”. Isso mesmo: Conselho Federal de Jornalismo. Isso mesmo: Ancinav. Isso mesmo: Confecom.

A segunda parte do plano de José Dirceu é aliar-se a empresários do setor da imprensa exatamente como o PT se aliou a José Sarney e a Renan Calheiros no Congresso Nacional. “O momento histórico que estamos vivendo”, segundo José Dirceu, é ruim para o “movimento socialista internacional”. Por isso, em vez de tentar fazer seu próprio jornal, o PT deve continuar negociando com alguns grandes grupos. Na prática, isso significa garantir o excesso de liberdade do bispo Edir Macedo e da Rede Record.

No mesmo encontro em que apresentou seu plano para eliminar o excesso de liberdade da imprensa, José Dirceu apresentou também seu plano para a reforma política. De acordo com ele, é necessário duplicar ou triplicar imediatamente a quantidade de dinheiro público destinada aos partidos. Ele advertiu que, sem esse dinheiro, o PT prosseguirá com suas práticas de “caixa dois, corrupção, nomeação dirigida, licitação dirigida, emenda dirigida, superfaturamento e tráfico de influência”.

José Dirceu disse que, no poder, o PT valorizou o servidor público. Claro que é verdade: o filho de Erenice Guerra valorizou-se, o outro filho de Erenice Guerra valorizou-se, o irmão de Erenice Guerra valorizou-se, a irmã de Erenice Guerra valorizou-se. José Dirceu falou até sobre a saúde de Dilma Rousseff, desmentindo o que ela própria diz sobre o assunto: “Ela passou por um câncer. E sente muito isso ainda”.

No fim de seu encontro com os sindicalistas baianos, José Dirceu voltou a tratar da imprensa. Ele antecipou que pretende dizer o seguinte, quando Dilma Rousseff estiver eleita: “Ó, não adiantou nada. Estamos aqui mais quatro anos”.

José Dirceu está certo. Ó, não adiantou nada.

MANIFESTO EM DEFESA DA DEMOCRACIA - Largo São Francisco

Em uma democracia, nenhum dos Poderes é soberano.

Soberana é a Constituição, pois é ela quem dá corpo e alma à soberania do povo.

Acima dos políticos estão as instituições, pilares do regime democrático. Hoje, no Brasil, os inconformados com a democracia representativa se organizam no governo para solapar o regime democrático.

É intolerável assistir ao uso de órgãos do Estado como extensão de um partido político, máquina de violação de sigilos e de agressão a direitos individuais.

É inaceitável que a militância partidária tenha convertido os órgãos da administração direta, empresas estatais e fundos de pensão em centros de produção de dossiês contra adversários políticos.

É lamentável que o Presidente esconda no governo que vemos o governo que não vemos, no qual as relações de compadrio e da fisiologia, quando não escandalosamente familiares, arbitram os altos interesses do país, negando-se a qualquer controle.

É inconcebível que uma das mais importantes democracias do mundo seja assombrada por uma forma de autoritarismo hipócrita, que, na certeza da impunidade, já não se preocupa mais nem mesmo em fingir honestidade.

É constrangedor que o Presidente da República não entenda que o seu cargo deve ser exercido em sua plenitude nas vinte e quatro horas do dia. Não há “depois do expediente” para um Chefe de Estado. É constrangedor também que ele não tenha a compostura de separar o homem de Estado do homem de partido, pondo-se a aviltar os seus adversários políticos com linguagem inaceitável, incompatível com o decoro do cargo, numa manifestação escancarada de abuso de poder político e de uso da máquina oficial em favor de uma candidatura. Ele não vê no “outro” um adversário que deve ser vencido segundo regras da Democracia , mas um inimigo que tem de ser eliminado.

É aviltante que o governo estimule e financie a ação de grupos que pedem abertamente restrições à liberdade de imprensa, propondo mecanismos autoritários de submissão de jornalistas e empresas de comunicação às determinações de um partido político e de seus interesses.

É repugnante que essa mesma máquina oficial de publicidade tenha sido mobilizada para reescrever a História, procurando desmerecer o trabalho de brasileiros e brasileiras que construíram as bases da estabilidade econômica e política, com o fim da inflação, a democratização do crédito, a expansão da telefonia e outras transformações que tantos benefícios trouxeram ao nosso povo.

É um insulto à República que o Poder Legislativo seja tratado como mera extensão do Executivo, explicitando o intento de encabrestar o Senado. É um escárnio que o mesmo Presidente lamente publicamente o fato de ter de se submeter às decisões do Poder Judiciário.

Cumpre-nos, pois, combater essa visão regressiva do processo político, que supõe que o poder conquistado nas urnas ou a popularidade de um líder lhe conferem licença para rasgar a Constituição e as leis. Propomos uma firme mobilização em favor de sua preservação, repudiando a ação daqueles que hoje usam de subterfúgios para solapá-las. É preciso brecar essa marcha para o autoritarismo.

Brasileiros erguem sua voz em defesa da Constituição, das instituições e da legalidade.

Não precisamos de soberanos com pretensões paternas, mas de democratas convictos.

Do Blog: Lula e o PT, mesmo que ganhem as eleições não conseguirão transformar o Brasil numa Venezuela. O povo sairá às ruas e mostrará que a democracia é sagrada e que a loiberdade de expressão é sagrado em um país que quer abolir os corruptos e se tornar mais justa e igualitária.

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