sábado, 1 de maio de 2010

Achei legal

De Marcia Cardeal (sem título)

então ficam aos poucos as paisagens para trás.
o olho acompanha a curva do vento, mas não é o vento.
o olho não adormece como antes,
está preso ao que vê.
o sol nasce nos olhos, de vez em quando,
mas eles não podem tocá-lo.
então ficarás agora novamente entre paredes
que guardam marcas da unha do tempo.
o chá que bebes tem cheiro de coisas esquecidas
e do que é preciso esquecer.
antes que as fendas se abram e exponham teus abismos,
a seda troca de lugar com a aspereza das segundas-feiras
iniciadas aos tropeços de sono e cansaço.
para isso nos moldaram, para silêncio e distância.
a mão não toca o que o olho vê (e quer).
só o vento.
mas ele não passa por aqui.

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