segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Por Denis Russo Burgierman - O ataque das árvores voadoras

Se você fosse um extraterrestre voando de espaçonave na alta atmosfera do Planeta Terra há 100 mil anos atrás o que veria abaixo de você seria muito azul do oceano, muito branco dos pólos, um tanto de amarelo avermelhado dos desertos e imensas extensões de um verde felpudo: as árvores.
Se voltasse 50 mil anos depois, veria mais ou menos a mesma coisa. E não seria muito diferente a paisagem na janela se você cruzasse o céu no tempo do avô do seu tataravô.
Mas, se você fosse passear de disco voador hoje, veria uma mudança bem fácil de notar: o verde felpudo está acabando. Hoje há apenas metade das 800 bilhões de árvores que havia há cento e poucos anos. Para onde foram as árvores?
Elas desmaterializaram-se.
Foram queimadas para produzir energia. Foram transformadas em papel e depois descartadas para apodrecer nos aterros sanitários.
Desmaterializaram-se, mas não sumiram. Afinal, desde o tempo de Lavoisier se sabe que nada desaparece: as coisas mudam de forma. Nossas árvores, transformadas em gás carbônico (fumaça) e gás metano (do lixo), estão neste exato momento flutuando sobre a sua cabeça, prezado leitor.
Óbvio que isso traz consequências para o clima. Ou você acha que 400 bilhões de árvores gasosas voando na atmosfera passam despercebidas? Óbvio que essas gases fazem diferença no ar que respiramos, no equilíbrio das correntes de ar, na dinâmica do transporte de umidade, na transmissão de calor. No clima.
Lógico também que a ausência dessas árvores faz falta cá embaixo na terra. Ao arrancá-las, o que deixamos foi terra exposta. Exposta, ela escorre para os rios, gerando assoreamento. Ela é fritada pelos raios de sol, o que mata nutrientes. Ela se saliniza, perde a fertilidade. Ela é compactada e torna-se impermeável. Ela é comida pela erosão. Ela dá à luz desertos.
Aí a atmosfera mudada pelas árvores voadoras (e também pelo petróleo queimado) acaba explodindo com mais frequência em tempestades, nevascas, furacões, tufões, ondas de calor. E tudo isso acaba carcomendo ainda mais o solo exposto. E os rios, entupidos pelo assoreamento, não dão vazão às chuvas cada vez maiores. E nossas cidades se acabam em enchentes, deslizamentos, falta d’água, epidemias.
Tudo isso é causado pela desmaterialização das árvores.
O que me faz pensar…
A solução é simples: rematerializem as árvores!
Tirem-nas da atmosfera e fixem-as novamente no solo. Uma árvore, quando cresce, suga as árvores voadoras da atmosfera. Cada árvore nova no chão é uma árvore voadora a menos no ar.
As árvores rematerializadas vão segurar e proteger o solo de novo. E os rios voltarão a correr.
E, se por acaso algum ET atento voar pelo céu de espaçonave e olhar para baixo pela janela, vai anotar no diário de bordo:
– Está tudo certo aqui de novo.

Por Denis Russo Burgierman - Um novo modelo produtivo

Eu tenho falado de passagem nas últimas semanas de como poderia ser um novo modelo de produção, que substitua o atual, que obviamente está falido. Hoje eu quero entrar um pouco mais fundo nessa discussão. Mais uma vez, vou citar o livro “Cradle to Cradle” (“berço a berço), de William McDonough e Michael Braungart, que acho uma obra fundamental.

Bom, a mudança básica que o livro propõe é bem simples: substituir um sistema linear por um circular. Hoje é:

recursos > produtos > resíduo

O que obviamente nos deixa com cada vez menos recursos e cada vez mais resíduos. Os autores querem que seja:

………..recursos
………/ \
resíduos – produtos

Em outras palavras, trocar um sistema que vai “de berço a túmulo” por outro que vai “de berço a berço”, de maneira que a economia continue girando bonitona mas a Terra não seja consumida no processo.
O legal do livro é que um dos autores é arquiteto e o outro é químico. Juntos, os dois têm conhecimento bem aprofundado sobre como as coisas são: da relação das pessoas com o espaço aos processos industriais. Com essa visão abrangente do mundo eles conseguem perceber com clareza o quanto nosso sistema atual é ineficaz.
Quando fabricamos um produto, nossa única preocupação é como chegar ao consumidor. Ninguém quer nem sabe se os produtos químicos usados são voláteis e cancerígenos. Ninguém nem liga se, após o uso, o negócio vai ter que passar 300 mil anos ocupando espaço num aterro sanitário. Ninguém se interessa pelo que acontece depois.
O resultado disso é que produzimos lixo numa quantidade que supera qualquer outro produto. E esse lixo é uma mistureba de milhares de substâncias diferentes – tão bem misturadas que é impossível recuperar qualquer coisa. Já que não dá para reaproveitar, toca a retirar mais recursos da natureza.
Para resolver esse problema, o livro propõe uma divisão básica entre as matérias-primas que a humanidade emprega. Há apenas dois tipos: aquelas que são “nutrientes biológicos” e as que são “nutrientes técnicos”. Nutriente biológico é matéria orgânica, que pode ser digerida e reintegrada aos ecossistemas. Nutriente técnico é aquele que, mesmo após o uso, continua tendo valor para a indústria. Por exemplo: metais e outros materiais valiosos. Nutriente biológico alimenta o metabolismo biológico, nutriente técnico alimenta o metabolismo técnico.
A coisa mais importante é separar um tipo de nutriente do outro, para que continue disponível ao respectivo metabolismo. Só que, hoje em dia, quase todos os produtos que você encontra no supermercado misturam ambos. O resultado é uma contaminação que torna impossível o reaproveitamento. Complicado? Talvez dois exemplos simples ajudem a tornar mais concreto:
– exemplo 1 – todas as embalagens de alimentos poderiam ser feitas de “material comestível”. Comestível por gente ou mesmo pelo jardim. Não há nenhuma razão para uma bolacha que é comida em 3 segundos deixe na Terra uma embalagem que ainda vai existir quando o seu tatatatatatatatatataraneto vier ao mundo. A embalagem poderia ser projetada para durar só um pouquinho mais do que o produto. Depois, quem sabe, você pode jogá-la no mato e ela vira nutriente para a terra. Para isso, claro, não dá para contaminar a embalagem (nutriente biológico) com metais pesados (nutriente técnico).
– exemplo 2 – a indústria de produtos eletrônicos poderia criar um sistema de “leasing de material”, em vez do sistema atual. Em vez de comprar uma televisão, você compra 10 mil horas de direito de usar os materiais que fazem uma televisão (nutrientes técnico). 10 mil horas depois, um sujeito vai à sua casa, pega a TV, leva para a fábrica, desmonta e cada mínimo pedacinho é reaproveitado para fazer uma nova TV, muito mais avançada. Você sai ganhando: vai ficar bem mais barato. A indústria sai ganhando: seus custos e riscos diminuirão astronomicamente ao não ter que financiar a mineração de centenas de minerais. E quem sabe quanta coisa legal pode ser feita nas áreas onde hoje estão as minas.

Interessante, não é?

As imagens falam para aqueles que não querem enxergar

http://www.youtube.com/watch?v=j_HWHFrrkxg&feature=player_embedded

Um risco oculto das fotos de celular: os geomarcadores

Revista Veja
Fotos divulgadas na internet podem revelar o lugar exato onde foram tiradas e assim pôr em risco, sem que você saiba, sua segurança e privacidade
Quando Adam Savage, apresentador do popular programa científico MithBusters, publicou no Twitter uma foto de seu carro estacionado em frente a sua casa, permitiu que seus seguidores se inteirassem de diversas particularidades de sua vida, muito além do fato de ele dirigir um Toyota Land Cruiser.
A imagem tinha um geomarcador, um bit de informação sobre a longitude e a latitude do local onde a fotografia foi feita. Portanto, revelou exatamente onde Savage vivia. E já que o texto que acompanhava a imagem era: "Agora, ao trabalho", os ladrões potenciais sabiam que sua casa estava vazia.
Especialistas em segurança passaram recentemente a alertar sobre o perigo potencial dos geomarcadores inseridos em fotos e vídeos de smartphones e câmeras digitais com GPS. A preocupação é que a maioria das pessoas desconhece a funcionalidade, o que pode comprometer a privacidade e a segurança.
Savage disse conhecer os geomarcadores (melhor para ele, como apresentador de um programa popular entre amantes da tecnologia). Mas disse que não quis desabilitar a função de seu iPhone antes de tirar a fotos e publicá-la no Twitter. "Creio que foi uma falta de preocupação porque não sou nem remotamente famoso para merecer que me assediem", assinalou. "E se eu sou, então quero um aumento de salário."
No entanto, desde então, Savage preferiu desativar a função de geomarcador em seu iPhone, e não se preocupa com a foto no arquivo do Twitter porque se mudou para outra casa. Mas outras pessoas talvez não tenham tanto conhecimento tecnológico nem sejam tão indiferentes com sua privacidade.
"Diria que poucas pessoas sabem do alcance dos geomarcadores", afirma Peter Eckersley, da Electronic Frontier Foundation, em São Francisco. "E o consentimento é um terreno escorregadio quando a única forma de desabilitar a função em seu Smartphone é por meio de um menu invisível que ninguém conhece realmente."
De fato, desativar a função do geomarcador geralmente requer superar vários menus até encontrar a configuração de ‘localização’, para depois selecionar ‘apagar’ ou ‘não permitir’. Isso algumas vezes pode desabilitar todas as funções de GPS, incluindo mapas.
A página da internet ICanStalkU.com oferece instruções passo a passo para desabilitar a função de geomarcador de fotos em aparelhos iPhone, BlackBerry, Android e Palm.
Um punhado de pesquisadores acadêmicos e analistas independentes de segurança na internet, autodenominados "hackers de chapéu branco", buscam informar a todos sobre os geomarcadores. Eles publicam estudos em redes sociais como Twitter, YouTube, Flickr e CRaiglist, e apontam como é possível identificar a casa e gostos de uma pessoa.
Muitas das fotos mostram crianças jogando dentro ou ao redor de suas casas. Outras revelam automóveis caros, computadores e televisores de tela plana. Também há fotos de pessoas na casa de amigos ou no Starbucks que frequentam todas as manhãs.
Descarregando plug-ins gratuitos de navegação como ExifViewer, para Firefox, ou Opanda IExif, para Explorer, qualquer um pode identificar onde se tirou uma foto e criar um mapa no Google.
Além disso, como sites multimídia como Twitter e YouTube têm interfaces de programação de aplicações (API) amigáveis, alguém com pouco conhecimento sobre programação pode criar um programa para buscar fotos com geomarcadores. Por exemplo, podem buscar as que estejam acompanhadas com frases como "em férias" ou as tomadas em vizinhanças específicas.
"Qualquer jovem de 16 anos que tenha conhecimentos básicos de programação pode fazer isso", disse Gerald Friedland, pesquisador do Instituto de Computação da Universidade da Califôrnia, em Berkeley. Friedland e seu colega Robin Sommer escreveram o documento Cybercasing the Joint: On the Privacy Implications of Geotagging, que apresentaram esta semana em Washington.

Turismo eletrônico - Contrate um guia-amigo na internet

Revista Veja
Não é fácil conhecer uma nova cidade sem um guia local. Para dar uma mão aos turistas carentes, sites como o Rentafriend.com e o Rentalocalfriend.com decidiram oferecer um serviço inusitado e útil, adequado aos tempos de internet e redes sociais: a "locação" de guias-amigos via web.
Para conhecer a ferramenta e entender como funciona o serviço, a reportagem de VEJA.com contratou um desses guias no Rio de Janeiro. O site escolhido para o teste foi o Rentalocalfriend.com, cuja dona é uma brasileira. Alice Moura, de 28 anos, colocou a ideia em prática em 2008 e atualmente, 150 locações depois, já atende 22 cidades no mundo - entre elas São Paulo e Rio.
Os guias são escolhidos a dedo. Segundo a dona do serviço, cerca de 80% das pessoas "disponíveis para locação" são suas amigas ou amigas de suas amigas.
O formato dos dois serviços é diferente. No Rentafriend.com, é preciso pagar uma mensalidade para fazer parte da comunidade e "alugar amigos". Já no caso do Rentlocalfriend.com, basta consultar os valores no site e escolher o pacote adequado (meio dia ou dia inteiro). Escolhemos meia diária e pagamos pelo "colega" 140 reais.

Em busca de outras "Terras"

Revista Veja
O astrônomo Roger Bladford explica por que recomendou aos EUA que gastem muito dinheiro na busca de planetas similares à Terra e invistam ainda mais para tentar dobrar as leis da Física e levar o homem até eles
Se tudo der certo, a Nasa vai passar os próximos 10 anos ligada no centro da Via Láctea. Por causa da grande concentração de estrelas, a comunidade científica americana acredita que lá é o lugar mais provável para encontrarmos planetas parecidos com a Terra e, quem sabe, seres extraterrestres. Mas para isso, o relatório feito pelo comitê de cientistas da academia de ciências dos EUA precisa receber o aval do congresso americano e da Nasa.
A cada 10 anos, a academia de ciências dos Estados Unidos faz uma triagem de todos os projetos envolvidos com astronomia e astrofísica do mundo e faz um relatório para governo americano recomendando em quais pesquisas deve investir na próxima década. O relatório de 2010-2020 foi entregue na segunda-feira (16) pela Academia Americana de Ciências.
VEJA.com conversou com o britânico Roger Blandford, diretor do instituto de astrofísica e cosmologia da Universidade de Standford nos EUA. Ele teve a homérica tarefa de chefiar o comitê que redigiu o relatório e que, na prática, apontou a direção que a nação mais poderosa do mundo deverá seguir nos próximos 10 anos dentro do campo da pesquisa espacial.
O comitê chefiado pelo britânico sugeriram à Nasa e ao governo dos EUA gastar 1,6 bilhão de dólares em um telescópio que já tem até nome, WFIRST, previsto para ser lançado em 2020. Se for aprovado, vasculhará o centro da Via Láctea atrás de planetas parecidos com a Terra. Blandford conta como esses planetas podem ser localizados e o que faremos se encontrá-los.

O que seria um planeta parecido com a Terra?
Seria um planeta que provavelmente tem o mesmo tipo de massa que a Terra. Na verdade, usamos o termo "habitável". Isso significa que a estrela que ilumina o planeta seria parecida com o nosso Sol ou um pouco mais fria - o que o faria mais fácil de ser encontrado. E outra característica é que, se ele for habitável, gostaríamos de ver sinais de água e possivelmente oxigênio e gás carbônico. Ele precisaria ter condições físicas — gravidade, pressão, atmosfera — semelhantes aos da Terra. Um lugar onde a vida poderia se desenvolver de uma maneira análoga ao que acontece em nosso planeta.

Por que é tão importante encontrar planetas parecidos com a Terra? Por que agora?
É um assunto que fascina o homem e algo que combina o interesse popular-científico para responder a pergunta "estamos sozinhos nesse universo?". O momento é agora porque houve uma explosão de descobertas nessa área durante a última década. Há mais ou menos 10 anos, começamos a identificar os primeiros planetas fora do sistema solar, depois de muito esforço e muitos anos tentando.

Algum planeta parecido com a Terra já foi identificado?
Não. Na última década descobrimos quase 500 planetas fora do sistema solar. Nos últimos meses, 300 candidatos foram apresentados a nós, observados pelo telescópio Kepler. Nem todos os candidatos serão considerados verdadeiros, mas acreditamos que uma boa parcela será.

Algum está em um sistema parecido com a nosso?
Já conhecemos um grande número de planetas fora do sistema solar e duas mensagens estão bem claras — uma é que eles são comuns e a outra é que os sistemas planetários em volta de outras estrelas são muito diferentes. Eles não são cópias do que acontece em nosso sistema solar. Longe disso. Vemos muitos tipos de planetas e muitos tipos de ambientes diferentes. Ainda não encontramos, mas estamos chegando perto.

E por que é tão difícil identificar planetas fora do nosso sistema solar já que eles são comuns?
Eles são comuns, mas são muito apagados. A metáfora mais fácil para entender a dificuldade que encontramos em identificar esses planetas seria procurar por um mosquitinho voando bem próximo de um poste que emita bastante luz enquanto se observa de muito longe. Imagine uma estrela muito brilhante e um ponto muito pequeno que reflete essa luz, o planeta que estamos procurando. O problema pode nem ser o brilho da estrela, que pode ser filtrado até certo ponto, mas pode existir tanta poeira espacial na região que fica difícil identificar esses planetinhas. É só você lembrar que a Terra possui um trilionésimo da massa do Sol — e a trilhões de quilômetros de distância desses sistemas fica dificílimo realizar essas análises.

E como vamos fazer isso agora?
Uma das funções do telescópio WFIRST será executar as tarefas que outro telescópio, o Kepler, não consegue fazer. Ou seja, ele não vai procurar por planetas habitáveis por meio de imagens — isso o Kepler já faz —, mas ele irá estabelecer a frequência desses planetas. Isso vai nos dizer quantas estrelas como o nosso Sol possuem planetas parecidos com Saturno, Júpiter e a própria Terra. Além disso, quantos desses estão orbitando próximos à estrela ou longe e assim por diante. Queremos saber se haverá uma órbita parecida com a da Terra — se o planeta estiver muito longe da estrela, será muito frio, e muito perto, bastante quente. Nenhum desses casos resultaria em um planeta parecido com a Terra. Temos que encontrar um que esteja orbitando uma estrela parecida com o nosso Sol a uma distância semelhante a Terra.

E se encontrarmos um planeta assim, o que vamos fazer?
A ideia é conseguir imagens desse planeta e estudá-lo esgotando todas as formas possíveis. Além de tirar fotos detalhadas, teremos que tirar um espectrograma completo do planeta [Espectrograma é o levantamento das características físico-químicas de determinado corpo celeste por meio da análise da energia que ele emite]. Vamos tentar descobrir se existem moléculas desconhecidas para o homem. Mas antes de prepararmos essas observações temos que saber o que estamos procurando. E para isso, ainda é preciso desenvolver muita pesquisa.

Quais são as chances de encontramos uma outra civilização humana vivendo em um planeta parecido com a Terra? É isso que estamos procurando?
Acredito que a procura de inteligência extraterrestre causa uma grande fascinação pública e científica. Já temos alguns telescópios capazes de identificar algumas classes de sinais extraterrestres. Existem muitos telescópios que fazem um tipo de pesquisa passiva. Eles realizam as tarefas normais e dentro delas é possível extrair certas classes de sinais. Se considerarmos seriamente que há vida inteligente fora da Terra e que ela envia algum sinal — são duas coisas diferentes — que tipo de sinais eles nos enviariam? Como eles iriam tentar entrar em contato conosco? Existem tantas respostas possíveis para essas perguntas que é difícil pensar sobre o assunto. Na minha opinião, a melhor estratégia é estar sempre alerta. Ter isso sempre ocupando algum lugar em nossos pensamentos. Não existem muitos telescópios desenvolvidos para encontrar sinais estranhos, eles não teriam muita utilidade científica. Basta que fiquemos de olhos bem abertos.

Existem missões específicas para identificar esses sinais?
Não acredito que seja fácil desenvolver um programa coerente para procurar e reconhecer esses sinais, se é que eles existem. Existem muitas pessoas tentando fazer isso, mas não sei dizer se elas vão conseguir. É um dos grandes mistérios da vida, tenho a mesma curiosidade que qualquer pessoa, mas não acredito em nenhuma das duas coisas — que existe ou não existe — eu realmente não sei! Mas essa é a graça, teremos que esperar e ver o que acontece.

Os humanos enviam sinais que poderiam ser reconhecidos por alienígenas?
Com certeza! Enviamos sinais o tempo todo. Todos esses programas de TV são transmitidos para o espaço. A TV é o tipo de sinal mais comum, mas pode ser qualquer outro. Existem muitos outros tipos de comunicação acontecendo localmente e a maioria das ondas vai parar no sistema solar e até fora dele. Não sei se existem alienígenas tentando detectá-las, mas estamos emitindo sinais o tempo todo.

Se a comunidade científica não tivesse que se preocupar com dinheiro, quais missões seriam adicionadas ao relatório?
O número de missões que gostaríamos de incluir no relatório é 10 vezes maior do que qualquer orçamento poderia suportar. Contudo, é justo dizer que os 90% que ficaram de fora requerem um desenvolvimento tecnológico pesado.

Quais são os projetos que poderão ser escolhidos a partir de 2020?
Eu diria que existem dois candidatos muito fortes — um telescópio focado na espectroscopia, chamado IXO — e uma missão principal concentrada no estudo de planetas habitáveis próximos ao sistema solar.

Depois que encontrarmos um planeta habitável, será possível viajar até ele?
Bem, acho que a resposta é não. Trata-se de um problema com as leis da Física. Se eu disser, por exemplo, que o planeta habitável mais próximo está a 10 anos luz de distância da Terra, isso significa que, viajando a velocidade da luz, a jornada duraria 10 anos. Se viajássemos a metade dessa velocidade, levaríamos 20 anos. Agora, se considerarmos a velocidade máxima que conseguimos atingir no espaço com a tecnologia atual, ou seja, um milionésimo da velocidade da luz, é possível perceber como é difícil ter esperanças. Além de desenvolver uma nova tecnologia de viagem no espaço teremos que transcender as leis da Física. Não estamos lidando com tecnologia especulativa — de ficção científica ou coisas do tipo. Muitas pessoas têm ideias malucas sobre como vamos conseguir isso. As leis da Física são implacáveis e tudo que fazemos precisa ser extremamente bem entendido e testado. Dito isso, existem obstáculos sérios para atingirmos velocidades que nos levariam até esses planetas em algumas centenas de anos. Por isso, eu diria que não. Não vamos visitar esses planetas tão cedo, mas vamos trabalhar duro para que isso aconteça.

"O gás hélio está acabando", diz físico vencedor do Nobel

Revista Veja
Reservas estariam a 25 anos do esgotamento. Elemento é usado em equipamentos complexos e não tem substituto
Em entrevista à revista britânica New Scientist, Robert Richardson, vencedor do prêmio Nobel de Física em 1996 por seu trabalho com átomos do Hélio-3, disse que as reservas de gás hélio estão acabando, e que a solução é aumentar o preço. “Em 25 anos não teremos mais gás hélio”, afirmou.
O gás hélio é a segunda substância mais abundante do universo - 24% da massa da Via Lactea é formada pelo elemento - mas na Terra o único modo de obtê-la é através da exploração de rochas. A maior reserva do mundo, com um bilhão de metros cúbicos, fica nos Estados Unidos, e é controlada pelo governo americano, que mantém fixos os preços do gás.
O grande problema do fim do hélio não será o fim dos balões em festas de aniversário. Equipamentos de ressonância magnética, reatores nucleares e telescópios espaciais usam componentes que só podem ser resfriados com hélio líquido. Como é o elemento com menor ponto de ebulição, 267ºC abaixo de zero, não tem substituto. E também não é possível extraí-lo do ar a preços viáveis (Richardson fala em valores 10.000 vezes maiores que os atuais), nem produzi-lo artificialmente.
A solução, segundo Richardson, é tirar as reservas da esfera governamental e deixar os preços seguirem a lei da oferta e procura. “Provavelmente os balões de festa vão custar 100 dólares, não três dólares, mas teremos de viver com isso.”

Cientistas criam droga capaz de curar o ebola

revista veja Um time de cientistas financiados pelos Estados Unidos desenvolveram um remédio capaz de, pela primeira vez, tratar com alto grau de sucesso os infectados pelo vírus ebola e pelo vírus Marburg, ambos altamente letais e contagiosos. A pesquisa, divulgada nesta segunda-feira no períodico Nature Medicine, reportou a cura de 60% dos macacos infectados com o ébola e 100% dos infectados com o Marburg. Uma das drogas usadas chegou a 90% de cura do ebola.
O vírus do ebola tem, nas últimas décadas, provocado milhares de mortes em várias regiões da África. Dependendo do tipo de vírus, chega a matar 90% dos infectados. Entre macacos e gorilas, alguns deles ameaçados de extinção, a mortalidade é de 100%. Tanto o ebola como o Marburg causam febres hemorrágicas e podem ser transmitidos pelo contato com o sangue ou fluídos corporais das pessoas doentes.
Atualmente não existe nenhum tipo de remédio ou vacina disponíveis para o tratamento dos dois vírus. As drogas, desenvolvidas pelo Instituto de Pesquisas Médicas sobre Doenças Infecciosas do Exército dos Estados Unidos, em colaboração a AVI BioPharma, uma empresa de biotecnologia de Washington, impedem os vírus de se reproduzirem. O governo americano investiu 291 milhões de dólares na pesquisa, temendo o uso dos vírus como armas biológicas.