domingo, 27 de junho de 2010

Corte de verbas soterra pesquisa climática polar brasileira

Folha Online
Um corte de verbas do CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) ameaça interromper a coleta de dados climáticos que o Brasil faz na Antártida há 25 anos.
As três estações meteorológicas mantidas pelo país poderão ser desativadas, depois que o projeto de meteorologia do Programa Antártico Brasileiro perdeu uma disputa por verbas e foi suspenso pelo órgão, em abril.
"Vou para lá no fim do ano desmontar tudo, paciência", queixa-se o chefe do projeto, Alberto Setzer, meteorologista do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).
As estações coletam dados como temperatura, precipitação e velocidade do vento.
Elas são importantes não só para orientar a logística das operações brasileiras, que dependem de monitoramento constante do tempo mal-humorado da região, como também para integrar as séries de dados internacionais que permitem acompanhar como o clima está mudando na Antártida.
Essa informação é crucial para os modelos computacionais que avaliam o impacto do aquecimento global no degelo e no nível do mar. Uma das estações brasileiras tem uma série de dados contínua desde 1940 --é uma das mais longas da Antártida.
No ano passado, Setzer havia concorrido com um pedido de R$ 840 mil num edital de R$ 14 milhões aberto pelo CNPq para financiar a pesquisa antártica.
Até então, a média de gastos com o projeto de meteorologia era cerca de R$ 16 mil por ano. "É o que eles gastam com copinhos descartáveis nas operações", diz.
O projeto foi rejeitado duas vezes. Setzer reclama que nenhum dos três cientistas que julgaram a proposta era da área de clima ou Antártida.
"Esse é um argumento constante que a gente ouve, mas o julgamento científico não precisa ser feito por especialistas na área", disse à Folha José Oswaldo Siqueira, diretor do CNPq.
Segundo ele, o projeto de Setzer foi bem pontuado, mas ficou abaixo da nota de corte para o financiamento. "Recebi 67 propostas, que somavam R$ 42 milhões, tinha só R$ 14 milhões e pude contratar 18 propostas."
"É algo indesejável, mas temos de seguir a 8.666", afirmou Siqueira, referindo-se à Lei de Licitações.
O diretor do Inpe, Gilberto Câmara, disse que o instituto não vai deixar a coleta de dados acabar. "É uma questão de responsabilidade. Quando você tem uma série histórica de dados, tem de manter. Não tem perigo de esse dado ser interrompido."

Do Blog: LULA DIZ: NUNCA NA HISTÓRIA DESTE PAÍS SE INVESTIU TANTO EM PESQUISA...

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