sexta-feira, 11 de junho de 2010

Fungo vai substituir 5,4 mil toneladas de adubo químico

Da equipe do DiárioNet
Uma tese de mestrado saiu do papel e pode levar uma das maiores empresas do mundo a evitar o uso de 5,4 mil toneladas anuais de adubos químicos na produção de 30 milhões de mudas de árvores da mata atlântica e da Amazônia. A proposta é substituir produtos químicos por um fungo, que fortalece as mudas e acelera o seu crescimento.
O trabalho foi desenvolvido pelo biólogo Thiago Morais, 27 anos, analista ambiental da Vale, formado pela Universidade Federal de Pernambuco, que defendeu tese sobre biologia de fungos. O método foi adotado primeiramente com vegetação de mata atlântica e agora está sendo aplicado na Amazônia.
Cada muda de árvore cultivada pela Vale para reflorestamento das áreas em que atua e por todo o País exige 180 gramas de adubo químico. Como a empresa vai produzir a partir de setembro 30 milhões de mudas anuais nos diversos viveiros que tem em todo o País, a prática exigiria 5,4 mil toneladas de material químico. Com o fungo, esse necessidade deve cair a zero, ou, na pior das hipóteses, à metade.
O processo consiste na associação entre certos fungos do solo e raízes de plantas nativas da região amazônica. Plantas associadas a esses fungos podem diminuir o tempo no processo de reabilitação do solo degradado. Estima-se um aumento na produção de mudas de espécies nativas, que serão utilizadas na revegetação de áreas do projeto Onça Puma, no município paraense de Ourilândia do Norte. Devem ser recuperados inicialmente 720 hectares.
Crescimento rápido - De acordo com os especialistas da empresa, a técnica contribui para o crescimento e sobrevivência das plantas, por meio do incremento significativo da absorção de água e nutrientes. "A reabilitação de áreas degradadas é difícil e lenta (20 a 30 anos), portanto, queremos reduzir esse tempo a partir do desenvolvimento dessa tecnologia. Nosso objetivo é realizar a recuperação das áreas em menos tempo e com mudas mais resistentes", informa o gerente de meio ambiente da Vale, André Luiz.
Na Amazônia, os profissionais trabalham com 25 espécies nativas, mas para o experimento com fungos estão utilizando quatro: paricá, cajá, bordão de velho e pata de vaca. Elas foram escolhidas pelo crescimento mais rápido - em média, se desenvolvem num período de três meses até serem levadas para o campo, com 50 centímetros de altura.
"A introdução de mudas pré-inoculadas com esse agente biotecnológico (o fungo) contribui na produção de mudas mais vigorosas e em menos tempo do que o método atual, aumentando o sucesso do plantio", explica Thiago Morais.
Até o primeiro trimestre de 2011, a equipe de meio ambiente da Vale fará o controle e acompanhamento das mudas, avaliando, sistematicamente, o desenvolvimento das espécies quanto à altura, o número de folhas e o diâmetro do caule. Após essa etapa, os técnicos vão comparar o experimento com fungos com os que já estão em andamento há um ano, para avaliar o que houve de incremento em relação às técnicas tradicionais.
O Projeto Onça Puma ainda não entrou em operação, mas a recuperação de áreas degradadas já vem sendo feito nas proximidades do empreendimento - em antigas áreas de pasto. É o caso do Morro do Granito onde a Vale está realizando o plantio de mudas em 28 hectares da área; e no entorno das barragens de captação de água (21 ha) e da usina (58 ha).
Viveiros – A Vale tem viveiros de plantas em diversos pontos. No Pará, a Vale Florestar coloca em operação em setembro instalações com capacidade anual inicial de 14 milhões de mudas. Mas o plantio já vem sendo feito. Em 2009 foram plantadas 6,7 milhões de mudas e em 2010, mais 11,1 milhões.
No sudeste do Estado, em Ourilândia do Norte e Canaã dos Carajás, são cultivadas 1,1 milhão de mudas por ano, e Parauapebas produzirá cerca de 100 mil mudas.
Na Reserva Natural Vale, em Linhares, Espírito Santos, são 3 milhões de mudas por ano. No Maranhão, o canteiro prevê 40 mil mudas. Em Minas Gerais, o Centro de Biodiversidade (CBio) produz 600 mil mudas por ano.
No total, são 16 milhões de mudas por ano, que serão reforçados por mais 14 milhões a partir de setembro, totalizando 30 milhões.

Nenhum comentário:

Postar um comentário