quinta-feira, 22 de julho de 2010

Ops, de onde veio isso?

Revista Veja
A possibilidade de que Antonio estivesse se referindo à sigla OPS – que designa tanto a Organização Panamericana de Saúde quanto, no jargão econômico de Portugal, uma oferta pública de subscrição (de ações) – não resistiu à releitura de sua mensagem: em ambos os casos, OPS está longe de ser uma sigla tão difundida assim.

Restou o ops nosso de cada dia, este sim de uso frequente, embora mais comum na linguagem oral do que na escrita. Não se trata de uma “abreviatura”, como diz Antonio, mas de uma interjeição que traduz surpresa diante de uma gafe ou acidente de pequena monta, servindo ao mesmo tempo como alívio cômico e pedido de desculpas: “Ops, foi mal”.

Os principais dicionários brasileiros, Houaiss e Aurélio, não dão a ops – ops! – a honra de um registro. Provavelmente porque estamos diante de uma interjeição de sucesso relativamente recente entre nós, não abonada pelos autores clássicos.
Felizmente, o “Dicionário de usos do português do Brasil”, de Francisco S. Borba, não está tão preocupado com autores clássicos e garimpa verbetes na língua que se fala hoje, inclusive na imprensa. O resultado é que ops está lá: “Interjeição usada antes de se corrigir um engano ou quando se comete um engano”.
Borba não chega a tanto, mas eu acrescento que há duas formas de compreender o surgimento de ops: como evolução meio cômica da forma tradicional “opa” (que exprime surpresa, admiração ou indignação, segundo o Houaiss) ou – o que é mais provável – como adaptação do inglês oops, interjeição registrada desde os anos 1930 e há muito “oficializada” pelo dicionário Oxford com o mesmo sentido de exclamação diante de um erro ou trapalhada.

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