sábado, 24 de julho de 2010

Havia mamutes no Brasil?

Revista Época - por Peter Moon
A descoberta em Rondônia do enorme dente molar de um elefante extinto levanta a possibilidade dos mamutes terem habitado a América do Sul

Um pouco de história

A possível descoberta de elefantes (ou mamutes) na América do Sul é um evento comparável ao achado dos primeiros fósseis de mamutes e mastodontes. A primeira menção de um elefante congelado ou mamute, como era chamado pelas tribos da Sibéria, foi feita pelo explorador holandês Eberhard Ysbrants Ides (1657-1708). Ides teria avistado uma carcaça de mamute enterrada no permafrost, o solo permanentemente congelado da Sibéria, em 1692, durante sua viagem de três anos até Pequim, acompanhando o embaixador russo indicado pelo czar Pedro, o Grande.
No século XVIII, diversos fósseis de mamutes foram achados na Sibéria, e alguns foram parar nos primeiros museus de história natural, como o de Paris. Foi lá que o grande anatomista barão Georges Cuvier (1769-1832), considerado o pai da paleontologia, revelou a identidade dos fósseis siberianos. Cuvier percebeu que pertenciam a uma espécie de elefante diferente das vivas, a africana e a asiática. No dia 15 do Germinal do ano IV do calendário da Revolução Francesa (ou 4 de abril de 1796), Cuvier leu em público o seu estudo intitulado Les espèces d’éléphants fossiles comparées aux espèces vivantes (as espécies de elefantes fósseis comparadas às espécies viventes), onde afirmou que os mamutes diferiam do elefante tanto quanto o cachorro difere do chacal e da hiena. Assim como o cachorro tolera o frio do norte, enquanto chacal e a hiena vivem nos trópicos, poderia ter acontecido o mesmo com aqueles elefantes peludos, os mamutes extintos.
Foi Cuvier também quem identificou os mastodontes americanos. Em 1739, nas barrancas do rio Ohio (que fazia parte da colônia do Canadá e hoje pertence ao estado americano do Kentucky), tropas do comandante francês Barão Charles de Lougueuil encontraram ossos enormes, incluindo uma presa, um fêmur e três molares. Os restos daquele que ficaria conhecido como o “animal de Ohio” foram enviados ao Gabinete do Rei (o futuro Museu de História Natural), em Paris. A primeira tentativa de identificação foi feita em 1762, por Louis Jean Marie Daubenton (1716-1800). Pautado em uma minuciosa análise de anatomia comparada, Cuvier anunciou, em 1806, que aquele animal era uma outra espécie extinta de elefante, a qual deu o nome de mastodonte.
Mais de 200 anos após Cuvier apresentar os mamutes e os mastodontes ao mundo, eis que surge a possibilidade da existência de uma nova espécie desconhecida de elefantes. E logo na América do Sul, onde se acreditava que aqueles paquidermes nunca haviam pisado – apenas seus primos distantes, os mastodontes.

O bem Amado - o clássico brasileiro e Odorico Paraguaçú - o clássico do Brasil

Marco Nanini – Odorico Paraguaçu
"Recentemente, eu encenei O Bem Amado no teatro. Isso foi uma maneira de treinar o Odorico para o cinema. Eu fui pegando intimidade, repeti muitas vezes a interpretação. Quando eu cheguei ao set, eu já tinha o temperamento do Odorico definido. Era só adapta-lo ao veículo. Algumas frases eu dava mais ênfase no teatro para marcar a comicidade do texto. Já no cinema, isso foi suavizado, senão ficaria tudo muito “grande”, muito canastrão. E o Odorico já é canastrão. Ele está sempre seduzindo, sempre atuando para os seus eleitores. Faz tudo pelo voto. Não me inspirei em nenhuma figura política específica, não era esse o objetivo. O que queríamos era exaltar esse personagem emblemático do Dias Gomes que representa a classe política brasileira. Para mim, fazer o Odorico, é como ter que fazer outro personagem qualquer, não importa se ele já foi feito antes ou não. É sempre um desafio. Os personagens são muito temperamentais. Nem sempre eles fazem o que você quer. Quando fui fazer a peça, eu já sabia o que queria com o Odorico, mas ele não “baixava”. Eu fui ficando desesperado. Quando eu não sinto, não acredito no personagem, é que ele não deu certo. Mas, no ensaio geral, ele veio. Inesperadamente."

José Wilker – Zeca Diabo
"Eu tenho um manual de interpretação que, na verdade, é um verso de Carlos Drumonnd de Andrade: “penetras surdamente nos reinos das palavras”. Eu confio muito no texto. Quando o texto é bom, ele te desperta curiosidades das mais variadas. Eu não vi a novela, nem o seriado. Minha aproximação com O Bem Amado foi com esse filme. Então, para construir o Zeca Diabo, eu me apoiei primeiramente no texto. Depois, veio a leitura que o Guel Arraes faz e passou para o elenco. Por fim, vem algo que fez nascer a máscara do personagem que é quando eu me deparei com o figurino, com a maquiagem, com a geografia das locações, com os outros atores. As primeiras cenas que eu rodei foram com o Matheus Nartchegalle em Maceió. A geografia do lugar, aquelas falésias, aquela coisa solar, me deram o tom do Zeca. A roupa me deu uma postura, a sandália apertada me deu o jeito de andar. O ambiente me deu uma respiração que eu não teria em nenhum outro lugar. Eu não sei explicar como isso passa da teoria para a prática. É um mistério. Eu só sei que acontece. No cinema, ao contrário da TV, você tem que aproveitar frações de segundos para desenhar a personagem. Você tem uma hora e vinte para contar uma vida. "

Matheus Nachtergaele – Dirceu Borboleta
"O Dirceu tem uma cegueira. Ele é subalterno ao Odorico, alheio ao que acontece a sua volta. É uma figura patética. Ele tem aquele cabelo repartido ao meio... Todo dia quando eu ia gravar, que eu me maquiava, eu olhava para o espelho e dizia: “Caramba, olha o Dirceu! Que figura!”. O texto é engraçado, mas o personagem tem algo de trágico. E é daí que vem a graça dele. Os personagens de O Bem Amado são saborosos. O texto é maravilhoso e te ajuda a chegar aos personagens. Por isso, não houve necessidade de recorrer ao que foi feito anteriormente na TV. As informações de que o Dirceu era ingênuo, virgem, me levaram a ele. Eu achei que deveria falar mais agudo, pelo fato dele ser virgem. Eu adorei fazer esse filme. O elenco se deu muito bem. Foi um grande encontro."

Infográfico - Sal

Revista Época

Um guaraná cor-de-rosa do Maranhão conquista a maior premiação mundial de design

Revista Época
Uma anedota maranhense afirma que, no Estado, o primeiro significado da palavra Jesus é um refrigerante. A brincadeira reflete um fenômeno que começou local, tornou-se famoso no Brasil e agora se apresenta ao mundo: o guaraná Jesus, segundo refrigerante mais consumido no Maranhão (atrás apenas da líder global Coca-Cola). A folclórica bebida cor-de-rosa ganhou a medalha de ouro de melhor estratégia de marketing no Prêmio Internacional de Excelência em Design, o Idea, a maior premiação mundial de design. A campanha vencedora ocorreu no fim de 2008 para renovar o visual da lata. A tarefa não era simples, já que a bebida angariou, ao longo de décadas, fãs entusiasmados.
O guaraná Jesus, criado em 1920, enraizou-se no gosto maranhense. Com pouquíssima propaganda, tornou-se quase um símbolo cultural do Estado. Ele deu origem a um subsegmento, o guaraná rosado, comum também no Piauí e Pará. Nos últimos anos, seu nome engraçado e sua cor fascinante ganharam simpatia Brasil afora. Há centenas de comunidades bem-humoradas a seu respeito no Facebook e no Orkut. Vídeos no YouTube brincam com o refrigerante em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Curitiba e outras cidades espalhadas pelo país – o tipo de tratamento espontâneo e alegre que empresas gastam milhões para conseguir. Há muito mais gente que fala sobre a bebida do que gente que já experimentou mesmo seu sabor muito doce, com traços de cravo e canela (a fórmula exata tem uma aura de mistério), mas os apreciadores reais não só existem, como se organizam para “importar” as latinhas do Maranhão. Por isso, renovar a lata sem incomodar os fãs seria um trabalho delicado. “Em marcas que são ícones, como o Jesus é no Maranhão, o desafio é manter a ligação emocional com os consumidores”, diz Leonardo Lanzetta, diretor executivo da agência de publicidade Dia, que montou a estratégia de marketing premiada. Em outras palavras: uma mudança desastrada faria com que o bebedor de Jesus não reconhecesse mais o produto que lembra sua infância, adolescência e tempos felizes.
Os publicitários fizeram uma campanha estadual com três propostas de novos desenhos para a lata e pediram votos dos fãs. Usaram a internet e mensagens por celular. Três pessoas fantasiadas de latinha – uma de cada opção – passearam por São Luís, brincaram com os passantes, visitaram colégios e entraram em casamentos, sempre recebidas com festa. O modelo vencedor lembra outro símbolo do Estado, os azulejos coloniais portugueses de São Luís. A Coca-Cola, que havia comprado a marca em 2001, esperou para fazer mudanças sem quebrar a ligação nostálgica dos bebedores com Jesus. “Foi um grande mérito da campanha. Os consumidores sentiram que a marca pertence a eles, e não à Coca-Cola”, afirma Júlio Moreira, professor da Escola Superior de Propaganda e Marketing e especialista em marcas. Desde a campanha, as vendas do refrigerante cresceram 17%, segundo a consultoria Nielsen.
O resultado certamente teria agradado ao criador da bebida, o farmacêutico Jesus Norberto Gomes – que era ateu, foi excomungado e morreu em 1963. O guaraná resultou de uma tentativa frustrada de fabricar um remédio. Deu errado, mas os netos do farmacêutico adoraram o xarope. Nascia um produto vitorioso.

Democracia se faz na internet

Revista Época

O site Vote na Web, que fiscaliza o comportamento dos políticos e faz votações em paralelo ao Congresso, já atraiu a atenção das Nações Unidas

O voto legislativo é um instrumento usado pelos cidadãos. Ele transfere responsabilidade política a um representante com a finalidade de propor e votar leis para melhorar o país. A tarefa é de importância indiscutível, mas pouca gente tem condições – e paciência – para fiscalizar se o candidato que escolheu está correspondendo a suas expectativas.
Para facilitar a vida de quem pretende acompanhar os passos dos políticos, nasceu, no final do ano passado, o projeto Vote na Web (www.votenaweb.com.br). Ele reúne na internet todos os projetos de lei que entram em votação na Câmara ou no Senado. O site permite ainda que o internauta sinta o gostinho de agir como político. Funciona assim: a cada projeto de lei que entra em votação, o Vote na Web cria uma página na qual os leitores podem ler o texto e opinar: “Sim” ou “Não”. A votação digital pode ser feita enquanto o projeto estiver tramitando no Congresso. Depois que ele é aprovado ou reprovado, o site compara a escolha do público com aquela que foi feita pelos políticos. O Vote na Web mostra quais parlamentares votaram, se foram contra ou a favor do projeto e de que região eles são. Todos os deputados e senadores têm uma página exclusiva no Vote na Web. Além de uma ficha técnica com suas origens e o histórico na vida política, é possível descobrir ali quantos projetos de lei o político sugeriu e como votou em cada situação.
Por trás desse trabalho em prol da cidadania está o publicitário mineiro Fernando Barreto, de 37 anos, sócio da Webcitizen, que desenvolve sistemas especializados em engajamento social pela internet. Seus clientes são órgãos públicos, ONGs e empresas interessadas em usar a web para mobilizar as pessoas por uma causa, seja ela filantrópica ou comercial. Ao mesmo tempo que coloca o cidadão em contato com o Poder Legislativo, Barreto usa o Vote na Web como vitrine para conseguir novos clientes. “Todas essas informações estão ao alcance dos eleitores em diversos sites do poder público”, afirma Barreto. “O que fizemos foi reuni-las num único lugar e com design mais atraente.” Seu objetivo: ajudar a resgatar o respeito pela atividade política. “Se a política não tem credibilidade, a democracia não evolui”, afirma.
Não é só o design atraente que torna o Vote na Web uma ferramenta de cidadania interessante. O site tem um sistema de busca que permite ao internauta fazer pesquisas parlamentares detalhadas – por assunto, por político e por Estado. O resultado pode ser luminoso. O senador Marcelo Crivella (PRB-RJ) propôs um projeto de lei que obrigava estudantes de instituições públicas de ensino superior com renda superior a 30 salários mínimos a pagar uma taxa anual para a universidade. Pela escolha popular, o projeto seria aprovado com 67% dos votos. O Congresso, no entanto, o reprovou com 100% dos votos. Já o deputado Zequinha Marinho (PSC-TO) propôs um projeto de lei proibindo a adoção de crianças por homossexuais. Na votação popular, ele vem sendo rejeitado por 78% dos internautas – exceto nos Estados do Tocantins, Maranhão e Piauí, onde vence. O texto ainda tramita em Brasília.
Alguns dos projetos de lei colocados no site (são inseridos entre 60 e 80 deles por mês) tiveram mais de 1.200 votos de internautas. Alguns de seus fóruns chegam a ter centenas de comentários contra ou a favor de determinados projetos. Cerca de 1.100 pessoas seguem as novidades do site pelo Twitter. Oitocentas pessoas estão cadastradas para receber informações do Vote na Web. “Até maio passado, estávamos montando o acervo de informações”, diz Barreto. “Faz pouco tempo que as pessoas começaram a interagir.”
O projeto levou Barreto a receber um convite da Organização das Nações Unidas (ONU) para participar de um congresso no mês passado, em Barcelona, que discutia o uso da tecnologia para o engajamento civil. A Webcitizen foi a única empresa brasileira a chegar lá, entre mais de 100 participantes. “O projeto teve retorno positivo e entusiasmado da audiência”, afirma Anni Haataja, do Departamento de Interesses Socioeconômicos da ONU. Barreto também tem feito viagens para os Estados Unidos, onde participa de reuniões na ONU como consultor. Ela tenta ajudar a entidade a levar sistemas como o Vote na Web a países com outra cultura política. “É importante ter o apoio de pessoas do setor privado como Barreto”, diz Anni. “Sem isso, nenhuma instituição consegue implementar mudanças.”

Lula se compara a Jesus Cristo

(…) Se eu pudesse tirar a camisa o meu corpo estaria mais estraçalhado do que o corpo de Jesus Cristo depois de tantas chibatas que ele tomou”.

Presidente Lula ao comentar o comportamente da oposição no Senado.

Do Blog: não acredito em pessoas que se comparam a heróis e o que dizer a quem se compara a Deuses?

Funcionamento dos neurônios pode inspirar próxima geração de computadores

Revista Veja
Cientistas tentam entender como comunicação no cérebro funciona. Com isso, poderão projetar computadores mais inteligentes - e com emoções

Pesquisadores ingleses estão desenvolvendo novos computadores com base na observação dos neurônios. Eles se inspiram na forma em que os neurônios são constituídos e como eles se comunicam. As máquinas que poderão resultar desse trabalho seriam revolucionárias, com avanços enormes no processamento de vídeo e áudio. Pode ser que os computadores aprendam a ver e ouvir no futuro, em vez de dependerem de sensores. Além disso, os pesquisadores estão ajudando a melhorar o entendimento sobre como as células nervosas operam.
As redes neurais artificiais já existem há mais de 50 anos, mas ainda não copiam exatamente neurônios de verdade. O projeto coordenado pelo cientista da computação Thomas Wennekers, da Universidade de Plymouth, Inglaterra, quer modelar características específicas do modo com os neurônios em uma parte específica do cérebro se comunicam. “Queremos aprender da biologia como vamos construir os computadores do futuro”, disse Wennekers. “O cérebro é muito mais complexo do que as redes neurais que já foram implementadas até então”.
Os trabalho inicial do projeto foi coletar dados sobre neurônios e como eles se conectam entre si em uma parte do cérebro. Os pesquisadores estão concentrados no microcircuitos laminares do neocórtex, que está envolvido em funções avançadas do cérebro como visão e audição. Os dados reunidos alimentaram simulações altamente detalhadas de grupos de células nervosos e microcircuitos de neurônios que estão espalhados por outras estruturas maiores como o córtex visual. “Construímos modelos bem detalhados do córtex visual e estudamos propriedades especiais dos microcircuitos”, disse Wennekers. “Estamos estudando quais aspectos são cruciais para certas propriedades funcionais como reconhecimento de objetos e palavras”.
Os cientistas esperam que o trabalho irá produzir mais do que redes sensoriais. “Pode ser que consigamos construir componentes inteligentes”, disse o pesquisador. “Talvez”, continuou, “pode ser que ele tenha emoção”. A ideia é proporcionar uma computação completamente nova.
Um cérebro maior - Enquanto Wennekers e sua equipe estão trabalhando com simulações de software, Steve Furber da Universidade de Manchester, Inglaterra, está usando a inspiração de neurônios para produzir novos tipos de hardware. O projeto denominado Spinnaker, do professor Furber, está tentando criar um computador especificamente melhorado para funcionar como a biologia.
Baseado em chipes ARM, o sistema Spinnaker simula no hardware o trabalho de um número relativamente grande de neurônios. “Temos modelos de neurônios biológicos de impulso”, disse Furber. “Neurônios cuja comunicação com o resto do mundo é um pequeno sinal de rede. Quando isso acontece, ele emite dados para uma pequena rede de computadores”.
Cada processador do projeto Spinnaker executa certa de 1.000 modelos neurais. O sistema atual usa oito processadores mas, de acordo com Furber, a equipe está na fase final do desenvolvimento de uma placa com 18 processadores, 16 dos quais irão modelar neurônios.
O objetivo final é um sistema controlado por um bilhão de neurônios utilizando um milhão de processadores. “O objetivo inicial é entender o que está acontecendo na biologia”, disse Furber. “Nosso entendimento do processamento do cérebro é muito limitado”.
Eles esperam que a simulação também leve a sistemas inovadores de processamento em computadores e outras descobertas sobre como muitos elementos de computadores podem ser conectados uns aos outros. “O futuro da indústria da computação está limitado pelo processo em paralelo”, disse Furber.
Independente disso, disse o professor, a o entendimento da indústria da computação sobre como conseguir aproveitar ao máximo esses elementos computacionais não existe. O problema, continuou, é como executar o sistema sem ser limitado pelo excesso de gerenciamento dos processos.
O projeto Spinnaker pode mostrar um caminho para superar alguns desses problemas à medida que elementos individuais serão menores do que os processos monolíticos em uso agora e irão, em certa medida, auto-organizarem. Eles também irão oferecer a vantagem de utilizar muito menos energia do que as máquinas existentes. “Acreditamos que a mudança será profunda”, concluiu Furber.

Uma maneira de pensar o mundo

Antonio Carlos Olivieri*
Da Página 3 Pedagogia & Comunicação

A filosofia não é um conjunto de conhecimentos prontos, um sistema acabado, fechado em si mesmo. A filosofia é uma maneira de pensar e é também uma postura diante do mundo.
Antes de mais nada, ela é uma forma de observar a realidade que procura pensar os acontecimentos além da sua aparência imediata. Ela pode se voltar para qualquer objeto: pode pensar sobre a ciência, seus valores e seus métodos; pode pensar sobre a religião, a arte; o próprio homem, em sua vida cotidiana.
Uma história em quadrinhos ou uma canção popular podem ser objeto da reflexão filosófica. Há alguns anos, foi publicado no Brasil, um livro chamado "Os Simpsons e a Filosofia", que tratava das questões filosóficas implícitas no famoso desenho animado da TV.
Como o próprio Bart Simpson, a filosofia é um jogo irreverente que parte do que existe, critica, coloca em dúvida, faz perguntas importunas, abre a porta das possibilidades, faz entrever outros mundos e outros modos de compreender a vida.


Uma disciplina indisciplinada

Por isso, a filosofia incomoda, pois ela questiona o modo de ser das pessoas, das sociedades, do mundo. Discute as práticas política, científica, técnica, ética, econômica, cultural e artística. Não há área onde ela não se meta, não indague, não perturbe. E, nesse sentido, a filosofia pode ser perigosa ou subversiva, pois pode virar a ordem estabelecida de cabeça para baixo.
Quando surgiu entre os gregos, no século 6 a.C., a filosofia englobava tanto a indagação filosófica propriamente dita, quanto aquilo que hoje é chamado de conhecimento científico. O filósofo refletia e teorizava sobre todos os assuntos, procurando responder não só ao porquê das coisas, mas, também, ao como, ou seja, ao modo pelo qual elas acontecem ou "funcionam".
Euclides, Tales e Pitágoras, por exemplo, foram filósofos que também se dedicaram ao estudo da geometria. Aristóteles, por sua vez, investigou problemas físicos e astronômicos, na medida em que esses problemas também interessavam à cultura e à sociedade de sua época.

Só a partir do século 17, com o aperfeiçoamento do método científico - baseado na observação, na experimentação e matematização dos resultados -, a ciência tal qual a entendemos hoje começou a se constituir, como uma forma específica de abordagem do real que se destacava ou desprendia da filosofia propriamente dita.
Afastando-se da filosofia por se tornarem mais específicas, apareceram pouco a pouco as ciências particulares, que investigam determinados aspectos da realidade: à física interessam os movimentos dos corpos; à biologia, a natureza dos seres vivos; à química, as transformações das substâncias; à astronomia, os corpos celestes; à psicologia, os mecanismos do funcionamento da mente humana; à sociologia, a organização social, etc.
O conhecimento fragmenta-se entre as várias ciências, pois cada uma se ocupa somente de uma parte do real. Estudam os fenômenos que pertencem à sua área específica e pretendem mostrar como estes ocorrem e como se relacionam com outros fenômenos. A posse do conhecimento sobre os fenômenos naturais e humanos gera a possibilidade de prevê-los e controlá-los.

Integração e totalidade

Por outro lado, a filosofia trata dessa mesma realidade, só que - em vez de separá-la em conhecimentos particulares e estanques - considera-a no interior da totalidade de fenômenos, ou seja, procura enxergar a realidade a partir de uma visão de conjunto. Qualquer que seja o problema, a reflexão filosófica considera cada um de seus aspectos, relacionando-o ao contexto dentro do qual ele se insere e restabelecendo a integridade do universo humano.
Sob o ponto de vista filosófico, por exemplo, é impossível considerar os problemas econômicos do Brasil somente a partir de princípios de economia. É necessário relacioná-la com os interesses das diversas classes sociais, os interesses políticos, os interesses nacionais, etc.
Um país economicamente instável é um país política e socialmente instável. Já para a ciência econômica isso não vem ao caso. Para a economia, interessa somente verificar como a inflação ou a recessão funciona para poder controlá-la, independentemente dos reflexos que esse controle tenha para a sociedade.

Perguntas e mais perguntas

Por isso, sem desmerecer o conhecimento especializado das várias ciências, a reflexão filosófica é sempre - mais do que necessária - obrigatória. Cabe ao filósofo refletir sobre o que é ciência, o que é método científico, qual a sua validade e seus limites.
A ciência é realmente um conhecimento objetivo? O que é a objetividade e até que ponto um sujeito histórico - o cientista - pode ser objetivo, isto é, isento de interesses pessoais? Cabe ao filósofo, também, refletir sobre a condição humana atual: o que é o homem? O que é liberdade? O que é trabalho? Quais as relações entre homem e trabalho? É possível existir uma outra ordem social?
A própria escola é alvo de reflexão filosófica. A educação pressupõe uma visão do homem como um ser incompleto, que pode ser aprimorado, educado, ao contrário dos animais, que não precisam ser educados, pois orientam-se pelos instintos. Só os educamos, ou domesticamos, para acomodá-los às nossas necessidades humanas.
O caso dos homens é diferente, sem dúvida, mas, para que o ser humano é educado? Para o exercício da liberdade e da responsabilidade ou só para se inserir na ordem estabelecida? Em outras palavras, a educação ocorre para cada homem saber pensar por si próprio ou para aceitar as regras que outros pensaram para ele?
A filosofia quer encontrar o significado mais profundo dos fenômenos. Não basta saber como funcionam, mas o que significam na ordem geral do mundo humano. A filosofia emite juízos de valor ao julgar cada fato, cada ação em relação ao todo. A filosofia vai além daquilo que é, para propor como poderia ser. E, portanto, indispensável para a vida de todos nós, que desejamos ser seres humanos completos, cidadãos livres e responsáveis por nossas escolhas.

Características do pensamento filosófico

O trabalho do filósofo é refletir sobre a realidade, qualquer que seja ela, descobrindo seus significados mais profundos. Porém, como se faz isso?
Em primeiro lugar, é preciso estabelecer o que é reflexão. Refletir é pensar, considerar cuidadosamente o que já foi pensado. Como um espelho que reflete a nossa imagem, a reflexão do filósofo também deixa ver, revela, mostra, traduz os valores envolvidos nas coisas, nos acontecimentos e nas ações humanas.
Para chegar a isso, segundo o filósofo e educador Demerval Saviani, a reflexão filosófica deve possuir as seguintes características:

•Radicalidade - ou seja, chegar até a raiz dos acontecimentos, isto é, aos seus fundamentos; à sua origem, não só cronológica, mas no sentido de chegar aos valores originais que possibilitaram o fato. A reflexão filosófica, portanto, é uma reflexão em profundidade.

•Rigor - isto é, seguir um método adequado ao objeto em estudo, com todo o rigor, colocando em questão as respostas mais superficiais, comuns à sabedoria popular e a algumas generalizações científicas apressadas.

•Contextualidade - como já se disse antes, a filosofia não considera os problemas isoladamente, mas dentro de um conjunto de fatos, fatores e valores que estão relacionados entre si. A reflexão filosófica contextualiza os problemas tanto verticalmente, dentro do desenvolvimento histórico, quanto horizontalmente, relacionando-os a outros aspectos da situação da época.

Assim, embora os sistemas filosóficos possam chegar a conclusões diversas, dependendo das premissas de partida e da situação histórica dos próprios pensadores, o processo do filosofar será sempre marcado por essas características, resultando em uma reflexão rigorosa, radical e de conjunto.
*Antonio Carlos Olivieri é escritor, jornalista e diretor da Página 3 Pedagogia & Comunicação.

Do Blog: defendo a aplicação da disciplina Filosofia desde o 1º ano primário (adaptado claro) como principal ferramenta para "dar norte" e facilitar a compreensão das coisas da vida pelas crianças, para que se tornem adolescentes produtivos e adultos sensatos.

Bioma Pampa já perdeu mais da metade da vegetação original

O Estadão
O bioma Pampa, que ocupa a maior parte do Rio Grande do Sul, já perdeu quase 54% da vegetação original. Os dados mais recentes do desmatamento do bioma, divulgados hoje (22) pelo Ministério do Meio Ambiente, mostram que, entre 2002 e 2008, 2.183 quilômetros quadrados (km²) de cobertura nativa foram derrubados. O levantamento, feito pelo Centro de Monitoramento Ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), aponta os 19 municípios gaúchos que mais desmataram o bioma no período. Alegrete, no extremo oeste do estado, é o campeão de derrubada, com 176 km² de desmate entre 2002 e 2008. As cidades de Dom Pedrito e Encruzilhada do Sul aparecem em seguida, com 120 km² e 87 km² desmatados em seis anos.
Apesar do grande percentual desmatado, o ritmo de devastação do Pampa é o menor entre os biomas brasileiros. De acordo com os dados do MMA, a região perdeu anualmente, em média, 364 km² de vegetação nos últimos seis anos. No Cerrado, o ritmo anual de devastação é de 14 mil km² por ano e, na Amazônia, a derrubada atinge 18 mil km² de floresta anualmente.

Gilbert Shelton, o verdadeiro Freak Brother




Um dos precursores dos cartuns underground da década de 60 divide mesa com Robert Crumb na Flip

SÃO PAULO - Quase meio século como cartunista rendeu a Gilbert Shelton um lugar entre os pioneiros das HQs underground e também caixas e caixas de material inédito. Elas o acompanham desde Nova York, onde, em 1962, publicou os primeiros desenhos como profissional, e ganharam volume em Paris, cidade em que se instalou há 25 anos com a mulher, a agente literária Lora Fountain.
Nos últimos tempos, Shelton andou revendo o conteúdo. Imagina ter material suficiente para um livro autobiográfico, que intercale histórias curiosas e ilustrações - uma espécie de caderno de recortes, como define -, mas ainda não falou sobre a ideia com os editores. "Acho que pode ser interessante", avalia, antes de uma breve pausa. "Mas não sei. Talvez as pessoas achem entediante."
Difícil acreditar na segunda hipótese. Trata-se, afinal, do pai de Fat Freddy, Phineas e Freewheelin’ Franklin, trio de maconheiros que resumiu, nas histórias de Fabulous Furry Freak Brothers, a psicodelia e o desbunde reinantes entre a juventude mais avançadinha dos anos 60 e 70. Acontece que Shelton sempre fez questão de negar a crença pública de que seus personagens mais conhecidos refletissem seu estilo de vida. Nada que o cartunista tenha contra a maconha, mas ele costuma argumentar que, se a consumisse na mesma quantidade dos personagens, não estaria em condições de contar a história. E, bem, ele chegou em maio último aos 70 anos e continua na ativa, ainda que num ritmo de trabalho bem menor que nos áureos tempos.
No próximo dia 3, o artista desembarca no Brasil com a mulher e o casal Aline e Robert Crumb para um temporada de seis dias em Paraty. Ao lado do amigo e criador dos célebres Fritz the Cat e Mr. Natural, participará daquela que é uma das mesas mais concorridas da oitava edição da Flip, no dia 6. "Vi na televisão um documentário sobre Paraty, então agora sei como é a cidade, uma coisa colonial", diz Shelton em conversa por telefone com o Sabático, a fala tão pausada que por vezes dá a impressão de ter concluído o raciocínio quando, na verdade, está apenas pensando na melhor palavra a usar em seguida. "A arquitetura antiga me lembrou muito as construções espanholas do México."
Ao contrário de Crumb, que vive entocado com a mulher numa vila no sul da França, Shelton gosta de viajar. Nasceu no Texas, passou a juventude em Nova York, morou por em Barcelona de 1980 a 1981 e voltou para a Califórnia antes de se mudar de vez para Paris. Não porque rejeitasse a violência dos Estados Unidos e o conservadorismo da sociedade americana, como Crumb, mas por questões profissionais. "Achei que viajaria mais, mas começamos a nos envolver em muitos projetos em Paris. Especialmente Lora", diz, sobre a mulher, que abriu por lá uma agência literária e hoje tem entre seus clientes a família Crumb - a filha do casal de cartunistas, Sophie Crumb, também enveredou para os quadrinhos e terá um livro publicado em novembro.

Ironia.

Shelton e Crumb se conheceram em 1969, em Nova York, quando ambos já tinham criado alguns de seus personagens mais famosos. O primeiro de Shelton, Wonder Wart-Hog, paródia do Super-Homem, apareceu numa publicação juvenil em 1962, mas só seis anos depois os Freak Brothers o colocariam entre os grandes do gênero. Naquele mesmo ano, em 1968, Crumb, já conhecido por Friz the Cat, reuniria artistas da contracultura no primeiro número da revista Zap Comix. Por ter alcançado a fama depois do amigo, apesar de ser três anos mais velho, o texano diz se sentir um "protégé" de Robert Crumb. "Ainda me impressiono com o estilo dele. É difícil dizer. Nós dois temos as mesmas influências, mas ele é diferente porque... Ele desenha tanto. É muito melhor que eu. É como estudar um idioma ou uma música. Quanto mais você pratica, melhor você é."
E Shelton não gosta muito de praticar. Em 1974, já com bom status como criador de tiras e livros de quadrinhos, resolveu que precisava de ajuda e convidou o artista e escritor Dave Sheridan para trabalhar com ele nos livros que saíam por sua própria editora de fundo de garagem, a Rip Off Press. Desde então, contou com parceiros como Paul Mavrides e Gerhard Seyfried, com quem passou a intercalar criação de roteiros e ilustrações.
Por quê? Porque ilustrar, explica o pai dos Freak Brothers, não é algo que goste tanto de fazer. "Não sou prolífico, em especial na comparação com o Crumb, que é um desenhista compulsivo. Eu trabalho em projetos específicos. Tenho mais interesse em contar boas histórias, piadas. Desenhar não é meu ponto forte." Com as parcerias, sentiu o trabalho fluir mais rápido, o que lhe deu liberdade para focar mais nos roteiros. A avaliação dele é a de que a história importa mais que a ilustração numa tira. "Se você tiver uma boa história e um desenho ruim, a tira será boa. Mas, se a história não for boa, não haverá arte que a segure."
Seja como for, Shelton sabe dizer muito com pouco. Enquanto os quadrinhos underground eram combatidos pelos defensores da ordem e dos bons costumes, o artista resumiu em um cartum todo o preconceito com o qual seu trabalho era visto. Numa imagem de página inteira, os três Freak Brothers apareciam numa cama com uma mulher nua, cercados de drogas, bebidas, armas e pôsteres com dizeres na linha "Fuja do alistamento" e "Trepe pela paz". Deitada, a mulher dizia: "Uau! Isso foi muito louco! Vamos ler mais umas revistas e começar de novo!!" - uma ironia escrachada contra a ideia de que HQs desvirtuavam os jovens. "Qualquer assunto pode ser bom, o difícil é tirar uma boa história dele. O tema central é menos importante que os detalhes de uma história. Em geral, a grande sacada está escondida sob a superfície da trama. Em HQ, é preciso fazer mais ou menos o que faz um dramaturgo numa peça, colocar os leitores ou o público dentro da história, suspender a descrença deles no que está sendo mostrado e fazê-los entrar no espírito da coisa."
A autobiografia que boa parte de seus contemporâneos explorou nos quadrinhos ele diz ver nas suas histórias só naquele ponto em que "toda ficção inclui algo de autobiográfico". No caso dos Freak Brothers, afirma: "Se houver alguma semelhança comigo, está muito bem escondida." No fundo, ele se identifica mais é com o quarto personagem da história, o gato de Fat Freddy. O bichano, que apareceu numa tira do trio em 1969, ganhou pouco tempo depois vida e tiras próprias, o Fat Freddy’s Cat. "Talvez eu seja um pouco como os três, mas, vá lá, pareço mais com o gato, que é o mais inteligente deles."

Rock’n’roll.

Embora ainda faça de tempos em tempos histórias dos Freak Brothers e do Fat Freddy’s Cat, o cartunista tem se dedicado mais, nos últimos anos, às aventuras do Not Quite Dead, sobre a banda de rock de menos sucesso no mundo. A série foi criada em 1992 e o livro mais recente de um total de quatro, Last Gig in Shnagrlig, saiu na França em 2009. Ainda não há nenhuma previsão de que seja editada no Brasil. "Preciso falar com meu editor brasileiro", diz Shelton, ao ser informado do fato. "Vou avisar à minha agente, que é minha mulher. Ela ficou muito ocupada com o Gênesis do Crumb e me esqueceu", graceja. A Conrad, que entre 2004 e 2005 publicou dois volumes do Fabulous Furry Freak Brothers, com tradução de Alexandre Matias, afirma que as edições atuais ainda não se esgotaram e que espera vender os exemplares ainda em estoque durante a Flip.
Outro projeto no qual ele se vê envolvido desde 2003 empacou. Naquele ano, a produtora inglesa Bolexbrothers entrou em contato para transformar uma das histórias dos Freak Brothers numa animação em stop-motion, com bonecos de massinha. O filme leva o nome de uma das aventuras criadas por Shelton para os personagens, Grass Roots, e foi roteirizado por Paul Davis. Na trama, Fat Freddy, Phineas e Freewheelin’ se veem envolvidos com colheitas de maconha geneticamente modificadas, plantadas pelo governo. Um piloto do longa pode ser visto no site www.grassrootsthemovie.com, mas é tudo o que existe de material filmado. "Eles não conseguem dinheiro", explica o cartunista, que participou apenas como consultor. Uma das estratégias para reunir os US$ 10 milhões que viabilizariam a obra é o que a produtora chama de "fundo de frame". O site explica: "Se você quer que seu nome apareça no filme, compre um frame. Doze frames farão seu nome aparecer por meio segundo, o que deve ser visível a olho nu."

Um terço dos deputados estaduais da Região Sudeste é milionário

Estadão
Levantamento com base em dados da Justiça Eleitoral de São Paulo, Minas, Rio e Espírito Santo mostra que dos 264 integrantes das Assembleias Estaduais que disputam as eleições deste ano 94 declararam patrimônio acima de R$ 1 milhão

Do Blog: nada contra a pessoa ficar milionária mas em caso de político deveria haver uma investigação de renda para ver se o político justifica o enriquecimento. Hoje o político enriquece muito fácil. Sem comentar que geralmente não trabalham, passam a maior parte da semana cuidando de seus negócios e indo muito pouco cuidar da fiscalização e da legislação da cidade ou estado que paga seu salário.