sábado, 24 de julho de 2010

O bem Amado - o clássico brasileiro e Odorico Paraguaçú - o clássico do Brasil

Marco Nanini – Odorico Paraguaçu
"Recentemente, eu encenei O Bem Amado no teatro. Isso foi uma maneira de treinar o Odorico para o cinema. Eu fui pegando intimidade, repeti muitas vezes a interpretação. Quando eu cheguei ao set, eu já tinha o temperamento do Odorico definido. Era só adapta-lo ao veículo. Algumas frases eu dava mais ênfase no teatro para marcar a comicidade do texto. Já no cinema, isso foi suavizado, senão ficaria tudo muito “grande”, muito canastrão. E o Odorico já é canastrão. Ele está sempre seduzindo, sempre atuando para os seus eleitores. Faz tudo pelo voto. Não me inspirei em nenhuma figura política específica, não era esse o objetivo. O que queríamos era exaltar esse personagem emblemático do Dias Gomes que representa a classe política brasileira. Para mim, fazer o Odorico, é como ter que fazer outro personagem qualquer, não importa se ele já foi feito antes ou não. É sempre um desafio. Os personagens são muito temperamentais. Nem sempre eles fazem o que você quer. Quando fui fazer a peça, eu já sabia o que queria com o Odorico, mas ele não “baixava”. Eu fui ficando desesperado. Quando eu não sinto, não acredito no personagem, é que ele não deu certo. Mas, no ensaio geral, ele veio. Inesperadamente."

José Wilker – Zeca Diabo
"Eu tenho um manual de interpretação que, na verdade, é um verso de Carlos Drumonnd de Andrade: “penetras surdamente nos reinos das palavras”. Eu confio muito no texto. Quando o texto é bom, ele te desperta curiosidades das mais variadas. Eu não vi a novela, nem o seriado. Minha aproximação com O Bem Amado foi com esse filme. Então, para construir o Zeca Diabo, eu me apoiei primeiramente no texto. Depois, veio a leitura que o Guel Arraes faz e passou para o elenco. Por fim, vem algo que fez nascer a máscara do personagem que é quando eu me deparei com o figurino, com a maquiagem, com a geografia das locações, com os outros atores. As primeiras cenas que eu rodei foram com o Matheus Nartchegalle em Maceió. A geografia do lugar, aquelas falésias, aquela coisa solar, me deram o tom do Zeca. A roupa me deu uma postura, a sandália apertada me deu o jeito de andar. O ambiente me deu uma respiração que eu não teria em nenhum outro lugar. Eu não sei explicar como isso passa da teoria para a prática. É um mistério. Eu só sei que acontece. No cinema, ao contrário da TV, você tem que aproveitar frações de segundos para desenhar a personagem. Você tem uma hora e vinte para contar uma vida. "

Matheus Nachtergaele – Dirceu Borboleta
"O Dirceu tem uma cegueira. Ele é subalterno ao Odorico, alheio ao que acontece a sua volta. É uma figura patética. Ele tem aquele cabelo repartido ao meio... Todo dia quando eu ia gravar, que eu me maquiava, eu olhava para o espelho e dizia: “Caramba, olha o Dirceu! Que figura!”. O texto é engraçado, mas o personagem tem algo de trágico. E é daí que vem a graça dele. Os personagens de O Bem Amado são saborosos. O texto é maravilhoso e te ajuda a chegar aos personagens. Por isso, não houve necessidade de recorrer ao que foi feito anteriormente na TV. As informações de que o Dirceu era ingênuo, virgem, me levaram a ele. Eu achei que deveria falar mais agudo, pelo fato dele ser virgem. Eu adorei fazer esse filme. O elenco se deu muito bem. Foi um grande encontro."

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