terça-feira, 22 de junho de 2010

O que caracteriza o ser humano

Portal UOL - GEO
Um feto no 7º mês de gestação. Sabe-se com certeza que é um menino. Mas ele será delicado ou robusto? Corajoso ou medroso? Experimentos rebuscados permitem aos cientistas provar que experiências no ventre materno marcam um ser humano muito mais do que se acreditava.
Um bebê cresce no ventre. Em poucas semanas ele deverá vir ao mundo. E depois? Como ele se desenvolverá? Será delicado ou robusto, magrinho ou obeso, agitado ou calmo? Que doenças o ameaçarão? Como ele enfrentará estresse e pressão? Vai chorar ao escutar música ou dormirá como um anjinho? Pode parecer incrível, mas as respostas a essas perguntas não são ditadas apenas por genes e experiências de vida. Elas já são influenciadas pelas condições de vida no útero materno. Há algum tempo, cientistas ganham novos conhecimentos sobre como a primeira morada do ser humano marca sua existência, em parte, até a idade avançada UM SER HUMANO SE DESENVOLVE EM 40 SEMANAS, SEGUINDO UM PLANO-MESTRE QUE EVOLUIU DURANTE MILÊNIOS

As fases da evolução embrionária são predeterminadas nos mínimos detalhes. Após a fecundação, o encontro do óvulo com o espermatozoide (1), a célula-mãe se divide e, dois dias depois, origina uma “bola” de oito células (2), que contêm características genéticas idênticas. No 12º dia, o blastócito (a “bola” de células) se fixa na membrana da parede uterina (3) que, a partir de agora, o alimentará com sangue. Na quarta semana (4), o embrião já apresenta sinais do cérebro e da coluna vertebral. A partir da 5ª semana (5), formam-se lentamente o rosto e as mãos.

É surpreendente: as mães das crianças atentas tinham assistido regularmente ao seriado durante a gravidez, enquanto as mães dos outros recém-nascidos nunca haviam se interessado por ele. Hepper estima que o ser humano já seja capaz de memorizar uma melodia enquanto ainda está no ventre materno. Portanto, o feto em formação já teria uma memória antes de nascer, e estaria apto a aprender.
Até os anos de 1970, a criança no ventre materno ainda era subestimada. Acreditava-se que ela era surda e cega; e certamente não lhe davam o crédito de ter uma memória, quanto mais uma capacidade de aprendizagem. Em razão disso, muitos médicos acreditavam que os bebês prematuros não sentiam dor e os operavam sem anestesia.
Mas os progressos tecnológicos das últimas décadas produziram um retrato completamente diferente da vida no útero. As imagens de ultrassom hoje são tão nítidas como fotografias. E procedimentos modernos permitem que os pesquisadores meçam com precisão as atividades cardíacas de fetos. Com destreza cada vez maior, os cientistas desvendam as experiências pré-natais de bebês de poucos dias de idade.
As análises revelam que eles já participam da vida ao seu redor enquanto ainda se encontram no útero. Desse modo, estão perfeitamente bem preparados para as condições que os aguardam quando vêm ao mundo. Para explorar como, exatamente, isso ocorre, os cientistas estão examinando uma gama de experiências pré-natais. O que o feto escuta? O que cheira e saboreia? Como aprende, e o que sente?
Seus órgãos dos sentidos se desenvolvem na mesma sequência de todos os mamíferos e aves. Primeiramente, forma-se o sentido de equilíbrio e movimento. Em seguida vêm o tato, o olfato e o paladar. Por fim, desenvolve-se a audição; por último, a visão. Todos os órgãos sensoriais começam a funcionar entre o sexto e o sétimo mês de gestação.

A AUDIÇÃO PROPICIA um importante contato com o mundo externo. Pesquisadores descobriram que os fetos já reagem a sons fortes ou incomuns a partir da 27ª semana: seus coraçõezinhos se aceleram, eles se encolhem, como se tivessem levado um susto, ou piscam com as pálpebras. De início, isso só acontece mediante estímulos altos, de 100 decibéis, o que corresponde ao barulho de um martelo pneumático. Nas semanas seguintes, a audição fica mais sensível.
A psicóloga francesa Carolyn Granier-Deferre, da Universidade Paris Descartes, tocou uma curta melodia em piano para fetos entre a 34ª e a 39ª semanas de vida e pediu às mães que usassem fones de ouvido. Desse modo, a pesquisadora impediu que as mães escutassem a música e transmitissem suas sensações aos fetos.
Enquanto a melodia soava, Granier-Deferre mediu a frequência cardíaca dos bebês. Em seguida, a sequência de tons foi repetida tantas vezes até que seus batimentos cardíacos retornaram à frequência normal, um sinal de que os fetos tinham se habituado à melodia. Depois, ao tocar outro trecho de música, os batimentos imediatamente voltaram a se alterar. Granier-Deferre concluiu que os fetos tinham “memorizado” o primeiro estímulo e sabiam diferenciá-lo do segundo.
Biologicamente, o aprendizado pré- -natal faz sentido: o feto já se habitua a ruídos que, muito provavelmente, também escutará após o nascimento.
Desse modo, ele não ficará completamente estressado diante do grande número de novos estímulos sensoriais quando chegar ao mundo.

Veja a matéria na íntegra em: revistageo.uol.com.br/cultura-expedicoes/14/artigo176142-3.asp

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