terça-feira, 27 de abril de 2010

PROVOS - eles fazem falta no Brasil


Da coluna de Denis Russo Burgierman- Portal Veja

Tem gente que gosta de arrumar confusão. Por exemplo, os Provos, jovens ativistas anarquistas dos anos 60 na Holanda. Eles adoravam uma treta. Fizeram um auê na Holanda monarquista e tradicionalista da época, ao ponto de terminarem nas manchetes dos jornais, e de derrubarem o chefe da polícia e o prefeito de Amsterdam.
Eram uns garotos inteligentes e absolutamente inconsequentes. No seu manifesto, eles diziam que “temos consciência de que no final iremos perder, mas não vamos deixar escapar a última chance de irritar e provocar esta sociedade até suas profundezas”. Botaram fogo em uma casa para protestar contra o cigarro (um de seus líderes só não morreu porque foi salvo pela polícia). Falsificaram uma carta da rainha na qual ela supostamente se convertia ao anarquismo e negociava uma transição de regime com os Provos. Encenaram o transporte de grandes quantidades de chá ou alguma outra erva legal, para atrair a polícia e provocar batidas policiais desastrosas, para alegria da mídia. Abriram uma casa para vender maconha (verdadeira e de mentirinha), o que acabaria inspirando política pública no país.

Eles tinham o hábito de criar “planos brancos” para Amsterdam. Planos brancos eram intervenções urbanas que tinham o propósito de mudar a vida na cidade. Alguns eram pura piada. Por exemplo, o Plano das Galinhas Brancas. Na Holanda, a polícia era agressivamente apelidada de “galinhas azuis”. Os provos se vestiram de galinhas brancas para mostrar que a cidade podia “ter um tipo diferente de galinhas”. Aí saíram pela cidade prestando serviços grátis de saúde, distribuindo camisinhas e frango frito.
Claro, passaram muito tempo na cadeia e tomaram muita cacetada da polícia. Mas, como eram holandeses, não brasileiros, ninguém foi morto.
Outro plano branco dos Provos, certamente o que ficou mais famoso, foi o Plano das Bicicletas Brancas. Funcionaria assim: a prefeitura compraria 20.000 bicicletas, pintaria-as de branco e espalharia-as pelo centro da cidade. Qualquer pessoa poderia pegar uma bicicleta, pedalar até onde quisesse e deixá-la para o próximo. A prefeitura, óbvio, recusou o plano e não comprou bicicleta nenhuma. Os Provos então compraram umas 50. A polícia apreendeu tudo. No final, algumas acabaram liberadas e disponibilizadas na rua. Em menos de um mês todas haviam sido depredadas ou roubadas ou jogadas nos canais que cruzam a cidade.

Um comentário:

  1. Igor Leonardo(kexo)30/4/10 5:12 PM

    Não só os Provos fazem falta.Sentimos falta de pessoas que soubessem ao menos cantar seu Hino Nacional,que tivessem ao menos memória para execrar seus algozes,que sentissem ao menos um pouquinho de amor por essa nação que poderia ser imensa , mas que infelizmente é do tamanho da mentalidade e do QI de seu povo.

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